Durante os meses de março a maio, aconteceu a mobilização e a organização do 53° Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Debatendo os rumos do movimento estudantil, a situação da educação superior e o envolvimento da juventude nas lutas cotidianas do povo brasileiro, a União Nacional dos Estudantes, que completa 77 anos no próximo dia 11 de agosto, reuniu em seu fórum máximo, na cidade de Goiânia-GO, mais de sete mil estudantes vindos de todos os cantos do País.
Às vésperas do início do Congresso, que aconteceu entre os dias 29 de maio a 2 de junho, explodiu em Goiânia a luta contra o aumento das passagens e a favor do passe-livre para os estudantes. Não haveria clima mais propício para a realização do Congresso.
Nas mesas de discussão, os palestrantes tiveram a oportunidade de ouvir de perto a voz dos estudantes e apresentar quais as reais saídas para os graves problemas que enfrenta o nosso povo. Presente no debate sobre o plano nacional de desenvolvimento, Heron Barroso, representante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), falou: “Não é possível falar em desenvolvimento enquanto nossas riquezas estão sendo entregues às multinacionais através dos leilões do petróleo e do pré-sal”.
Oposição reúne mais de dois mil estudantes
Nos quatro dias de Congresso, a marca do crescimento da oposição ficou clara para todos os presentes. Com muita unidade e agitação, seja nos grupos de debate ou na plenária final, a Oposição de Esquerda mostrou que é possível construir outra UNE, presente na luta dos estudantes, resgatando sua história a favor do povo brasileiro.
Durante a realização da marcha por 10% do PIB para educação, o bloco organizado pela Oposição de Esquerda expressou a combatividade dos que lutaram ao lado dos estudantes na greve de 2012, no apoio à luta dos estudantes goianos contra o aumento das passagens e a repressão promovida pela PM, na defesa do petróleo brasileiro dizendo não aos leilões, combatendo os absurdos gastos com a Copa e apoiando a apuração de todos os crimes da Ditadura e punição aos torturadores.
No ambiente da plenária final era visível o crescimento da oposição à diretoria majoritária da UNE. As críticas ao comportamento omisso da entidade em relação à luta contra os leilões do petróleo e à limitação da destinação dos royalties para a educação repercutiram dentro mesmo da chapa majoritária, a ponto de que fosse incluída a bandeira da luta contra os criminosos leilões do petróleo brasileiro na convocação de uma jornada de lutas para agosto desse ano, a partir de proposta da Oposição de Esquerda.
A chapa da Oposição de Esquerda, formada pela unidade dos movimentos Rebele-se, Junto, Rompendo Amarras, Domínio Público, Levante, JSOL, Vamos à Luta e Construção, e que recebeu ainda o apoio da Juventude Marxista, reuniu mais de dois mil estudantes durante suas plenárias.
Ao término da votação do Congresso, a chapa da Oposição de Esquerda recebeu 618 votos, ficando em segundo lugar e elegendo a 1° vice-presidência da UNE, e ainda mais dois cargos na executiva da entidade, tendo a chapa majoritária diminuído de 13 para 12 membros na executiva, ao receber 2.607 votos. Completando a votação, a chapa Campo Popular recebeu 539 votos e indicará dois representantes para a diretoria executiva da UNE.
Em agosto, jornada de lutas
Yuri Pires, militante da União da Juventude Rebelião e reeleito como 1° vice-presidente da UNE, declarou para A Verdade: “A convocação dessa jornada de lutas para agosto, com a inclusão das bandeiras contra os leilões do petróleo e o pagamento da dívida pública é uma vitória para o movimento estudantil. A oposição sai fortalecida pelo significativo crescimento de sua bancada e pelas posições políticas que conseguimos aprovar nesse congresso. Há muito a ser feito para recolarmos a UNE no caminho da luta dos estudantes, mas essa mudança se dará no dia a dia, aumentando as mobilizações juvenis. As lutas que tivemos neste mês de junho mostraram a indignação da juventude brasileira contra tudo que aí está. Em agosto, estaremos nas ruas para defender a educação e o Brasil”.
Para essa nova gestão, a UJR indicou ainda os companheiros Matheus Malta, estudante de Ciências Sociais da UFMG, Katerine Oliveira, estudante de Comunicação Social da Unisuam (RJ), Edísio Leite, estudante de Engenharia Química da UFCG, e Marcus Vinícius, estudante de História da Unicap (PE) para compor a diretoria da UNE e representar a combativa delegação que reuniu mais de 500 companheiros e companheiras de 13 estados.
Rafael Pires,
Coordenação Nacional da UJR