Até o início das manifestações pela redução das passagens em São Paulo, o Movimento Passe Livre (MPL) era pouco conhecido. Mas, após os protestos, centenas de pessoas iriam não só conhecer como ingressar nesse combativo movimento. A Verdade entrevistou Mariana Toledo, militante do Movimento Passe Livre, que fala a seguir sobre as propostas e as ideias do MPL.
A Verdade – Como o MPL vê o atual momento de crescimento das lutas populares?
Mariana Toledo – Eu acho que a principal coisa que aconteceu nestas últimas semanas, e que é um saldo positivo, e positivo em todos os sentidos, é que a população mostrou que organizada consegue muitas coisas. A vitória da redução dos 20 centavos é uma vitória do conjunto da população que compreende que nas ruas consegue mudar o destino de sua vida. E isto não fica nos 20 centavos: nós vemos manifestações sobre diversas coisas. Então o saldo positivo é sim a possibilidade de organização das pessoas que este tipo de manifestação coloca; mostra para o poder público que as pessoas não querem mais ficar nas suas casas; querem ir para às ruas reivindicar os seus direitos. Portanto, este é o saldo positivo para além 20 centavos, que é uma conquista importantíssima de toda a esquerda e de toda a população.
Quais são os principais entraves para conquista da tarifa zero em São Paulo e outras capitais?
Os principais entraves são, antes dos governantes, os próprios empresários do transporte. Mexer no lucro dos empresários, mexer na forma como o transporte é organizado é atrapalhar uma coisa muito constituída que beneficia algumas famílias, que inclusive patrocinam campanhas de candidatos em muitos países. O principal entrave é este: os interesses que um projeto como a tarifa zero tem que se contrapor, e, ao mesmo tempo, é o potencial da tarifa zero, pois, se conquistada, muda uma lógica cristalizada que exclui a população do transporte.
Qual a opinião do MPL sobre a estatização do transporte público?
O que defendemos é a tarifa zero. Para nós o fundamental é que a população possa circular livremente pela cidade sem pagar a tarifa. A forma como isto será feito, nós estamos abertos para discussões. O nosso projeto prevê a municipalização porque acreditamos que é mais fácil ser implementada, etc. Mas nós não somos contra a estatização. Somos a favor é do transporte enquanto direito. Como isto se dará, vamos discutir todos juntos.
Que mensagem vocês deixam para o conjunto de ativistas que estão nas ruas em todo País?
Se organizem. Se auto-organizem. Não dependam somente de um movimento social para correr atrás dos seus direitos. Se espelhem na possibilidade de vitória que foi colocada e vamos às ruas!
Matheus Nunes, São Paulo