Consideram alguns brasileiros que o uso do anglicismo ou galicismo na construção de uma frase traz um poder de elegância e de conhecimento. Puro idiotismo! No “economês” e em algumas ciências isso é frequente, pela falta de brasilidade, uma tentativa de tumultuar o processo de entendimento das pessoas mais ciosas para com nosso idioma e interesses do País. Enquanto espalham a palavra royalties, ao invés de dízimos, para esclarecer que apenas 10% do petróleo extraído e comercializado pelas transnacionais são carreados para o Brasil. Os 90% restantes ficam com cada uma das operadoras estrangeiras, vencedoras do festival de entrega de nossa soberania no setor energético.
A forma é bem parecida à época em que os portugueses procuravam localizar as reservas auríferas no Brasil. A Coroa ofertava com o dízimo ao donatário da Capitania Hereditária que as encontrasse. O Governo de Mem de Sá renovou os incentivos e a primeira tentativa de concreto se deu por volta de 1648, numa proposital incursão de Fernando Furtado – embora seja atribuída a outros nomes – a terras de Minas Gerais, hoje. Ele chefiava cerca de 50 homens, e nada de positivo. Novas missões foram empreendidas, seguidas de frustrações e sucessos, até que a chave da riqueza foi encontrada, bem mais tarde, pelos bandeirantes da vila paulista de São Vicente. Gente de vários pontos da Colônia, atraída pela projeção do achado, deslocou-se para lá, formando a comunidade forasteira, seguindo-se escaramuças e a Guerra dos Emboabas, que nós conhecemos.
Apesar da geração de conflitos, como a Conjuração Mineira, na avaliação do barão de Eschwerge, juntas algumas capitanias produziram, em 1820, 65.417 arrobas. Cada mineiro deveria recolher, anualmente, 100 arroubas à Real Fazenda. O ouro brasileiro era esbanjado em Portugal e na Europa.
Técnicos da ANP, de que é diretora Magda Chambriard, uma apologista do entreguismo, vão ganhando tempo para organizar a farsa dos royalties, ou melhor, dos dízimos. Enquanto matutamos no seu significado, numa legislação de lesa-pátria, herança de FHC, leiloam blocos de exploração de petróleo, representados em 30 bilhões de barris, só nessa 11ª rodada, com um prejuízo de R$ 1,5 trilhão, para a Nação. Já é tarde, o conto do vigário está consumado. Nunca um dirigente do Brasil teve em suas mãos tantos recursos monetários como teria a presidente Dilma, se não houvesse jogo sujo do martelo. Nem os governadores gerais, regentes, imperadores, ditadores de plantão e presidentes de República tiveram tamanha chance de levar, definitivamente, o Brasil ao futuro, se o dinheiro arrecadado do petróleo, retirado de seu território, de jazidas da Petrobras, fosse repatriado.
Inocêncio Nóbreja, Maceió