Há 500 anos, desde o começo do mercantilismo até os dias de hoje, passando pela primeira revolução industrial que deu início ao sistema capitalista, muitos recursos do meio ambiente foram extraídos e biomas foram poluídos ou destruídos apenas para garantir o lucro de poucos. Após a Segunda Guerra Mundial, houve um gradativo crescimento da sociedade de consumo na América do Norte e na Europa, espalhando-se depois para diversas regiões do mundo, fazendo com que aumentasse a pressão sobre os recursos naturais do planeta. Atualmente, estamos enfrentando uma crise ambiental, que é mascarada pela falsa ideia de “desenvolvimento sustentável”, na qual uma sociedade ecologicamente correta e uma economia autossustentável não prejudicaria o meio ambiente.
A destruição das matas começou com a espoliação das colônias durante o século 16, como podemos ver nos casos do Brasil e da América Latina, onde os colonizadores portugueses, na ganância de extrair o Pau Brasil a qualquer custo, acabaram com mais de 80% da Mata Atlântica. O roubo do minério em Minas Gerais, onde quantidades absurdas de mercúrio foram jogadas nos rios para melhor extração do ouro também é outro exemplo desse processo de degradação. Querendo mais dinheiro, os ricos e poderosos não mediram esforços para transformar regiões inteiras de florestas ricas em biodiversidade em áreas de cultivo de eucalipto ou terras inférteis; em poluir os cursos d’água; em lançar cada vez mais monóxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera por meio de suas indústrias e da queima de combustíveis dos veículos. Resultado disso é que milhões de homens, mulheres e crianças passam fome nas frequentes crises de superprodução capitalista, enfrentam guerras pelo acesso à água e as “catástrofes naturais” acontecem com maior frequência e intensidade.
No Brasil, empresas como a TKCSA, mais conhecida como Companhia Siderúrgica do Atlântico, foi proibida de atuar em seu país de origem, a Alemanha, por infringir leis ambientais e por poluir os rios europeus. Entretanto, ela atua livremente no Brasil, poluindo nossas principais bacias e mananciais e devastando florestas.
A partir da década de 1960, ficou cada vez mais perceptível que o problema do meio ambiente estava diretamente ligado à ganância das empresas e dos empresários por ganhar mais dinheiro. Buscando assegurar o seu posto, a burguesia “inova” e apresenta uma nova forma de desenvolver, a chamada “sustentabilidade”. O termo é utilizado para caracterizar uma produção capitalista capaz de não prejudicar o meio ambiente. O resultado disso são propagandas mentirosas e hipócritas, ricos montando partidos que “defendem” a natureza, empresas poluidoras indo à televisão falar sobre preservação ambiental, etc. Mas como pode haver um “desenvolvimento sustentável” se não é o bem-estar da população que determina as necessidades de produção, e sim o capital para gerar lucro e mais lucro àqueles que detêm os meios de produção?
Mudar este sistema, esta forma de enxergar o papel do ser humano no meio em que está inserido, com uma economia planificada, socialista, pautada pelas necessidades humanas, de modo a garantir o desenvolvimento pleno dos indivíduos em suas máximas potencialidades, torna-se urgente e determinante para se ter certeza na existência de um futuro.
Raphael Almeida e Renata Rocha estudam Meio Ambiente e são militantes da UJR
Existe alguma saída para esta situação!