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sábado, 2 de novembro de 2024

Emocionante sessão solene na ALEPE em homenagem aos heróis do PCR na luta contra a Ditadura

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sessão ALEPEPor requerimento do deputado estadual Waldemar Borges (PSB-PE), a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (ALEPE) prestou homenagem, no último dia 10 de setembro, aos dirigentes do Partido Comunista Revolucionário (PCR), heróis da luta contra a Ditadura Militar.

Emmanuel Bezerra dos Santos, Manoel Lisboa de Moura e Manoel Aleixo (assassinados em setembro de 1973, há quarenta anos) receberam homenagem in memoriam através de uma placa da Assembleia Legislativa entregue respectivamente à Gilda de Sousa, diretora do Centro Cultural Manoel Lisboa, Alfredo Lisboa, sobrinho de Manoel Lisboa, e Nathália Lúcia, presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Jaboatão dos Guararapes.

Segundo consta nas placas, a ALEPE homenageou-os “pela sua heroica luta contra a Ditadura Militar (1964-1985) e pela democracia e a liberdade no Brasil e no Mundo”. Além disso, os heróis do PCR Amaro Luiz de Carvalho, assassinado em 1971,  e Amaro Félix Pereira, assassinado em 1972, foram homenageados na ocasião com a entrega de um buquê de rosas vermelhas pelo seu heroísmo.

A sessão especial, que foi presidida pelo deputado Diogo Moraes (PSB-PE), teve início com o pronunciamento do deputado Waldemar Borges, que resgatou a história dos heróis homenageados, destacando “a fundamental contribuição de todos que lutaram contra a Ditadura para que fosse conquistada a liberdade e a democracia que vivemos hoje”, justificando, portanto, a importância da cerimônia.

Quando foi entoada a Internacional Comunista, todos os presentes se puseram de pé, formando um imenso coral de cerca de 200 vozes, que ocuparam os lugares de honra e as galerias da Casa Joaquim Nabuco.

Convidado a prestar depoimento, o ex-preso político, historiador e publicitário José Nivaldo Júnior, emocionado, lembrou que convivera com Manoel Lisboa, de quem foi amigo. Nivaldo descreveu o momento em que viu Manoel nas dependências do DOI-Codi, no IV Exército do Recife, enquanto ambos estiveram sequestrados: “Manoel foi barbaramente torturado, mas nada disse aos seus algozes”. Segundo ele, “Manoel é um exemplo para todos esses jovens de hoje. Devemos seguir o seu exemplo de um homem íntegro, corajoso, dedicado à causa da humanidade. Sonho com o dia em que todas as sessões desta Casa terão início com a Internacional Socialista”.

Marcelo Santa Cruz, vereador de Olinda pelo Partido dos Trabalhadores, lembrou que Manoel Lisboa, Manoel Aleixo, Amaro Félix, Amaro Luiz de Carvalho e Emmanuel Bezerra lutaram contra a ditadura “da mesma forma que lutou David Capistrano, que foi deputado desta Casa. Por isso, não pode haver mais justa homenagem, porque esta Assembleia Legislativa também foi palco do enfrentamento contra a Ditadura”. Marcelo lembrou ainda outros nomes aos quais também se estendiam as homenagens nas pessoas dos heróis mencionados neste ato de hoje. Santa Cruz encerrou seu discurso de punho erguido dizendo que “os heróis que lutaram contra a Ditadura e foram assassinados estão presentes!”.

Convidado para prestar seu depoimento, o deputado Anísio Maia (PT), da Assembleia Legislativa da Paraíba, lembrou que seu último encontro com Manoel Lisboa foi às vésperas de sua prisão, e  lembrou que Manoel Lisboa “era uma pessoa humana extraordinária, sensível… lembro que ele gostava de uma música de Raul Seixas (“Mosca na Sopa”). Até hoje, eu me lembro dele quando escuto essa música. Era uma pessoa alegre, uma liderança natural. Hoje, quando eu vejo um político corrupto, eu penso como nós precisamos de mais políticos como Manoel!”.

Aos depoimentos, seguiu-se a canção “Pesadelo”, de autoria de Maurício Tapajós e Paulo Cezar Pinheiro, executada por Cayto (voz e violão), onde a letra fala: “Olha eu de novo, perturbando a paz e exigindo o troco… você me prendeu vivo e eu escapo morto…”.

Marcus Vinícius, presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Católica de Pernambuco, declamou o poema “Tu e Eles”, de autoria de Valmir Costa (ex-preso político), sob o pseudônimo de Lucas, e Iany Moraes, estudante de Cinema da Universidade Federal de Pernambuco, declamou “Às Gerações Futuras”, do homenageado Emmanuel Bezerra dos Santos.

Em agradecimento pelas homenagens, Edival Nunes Cajá (ex-preso político, presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa e membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário), destacou a atualidade das bandeiras defendidas pelos homenageados. “Esses homens lutaram para que não houvesse fome, miséria e exploração. Somente com uma sociedade socialista é possível resolver os problemas da humanidade. Graças à luta desses e de tantos outros foi possível derrotar a Ditadura. É muito importante essas novas gerações aqui presentes saberem que foi possível derrotar a Ditadura Militar graças à dedicação desses homens. Devemos nos mirar nesses exemplos para avançar a luta”.

Ao longo da sessão, também foi exibido um vídeo com a trajetória e a biografia dos homenageados. Estiveram presentes delegações de todas as regiões do Estado de Pernambuco e importantes lideranças sindicais, como os presidentes dos sindicatos de construção civil de Caruaru (Henrique Ramos), dos trabalhadores na indústria da borracha (Geraldo Soares), dos trabalhadores da indústria de calçados de Carpina e Região (Antônio Teobaldo Filho), o ex-presidente da CUT-PE, Carlos Padilha, além de Samuel Timóteo, coordenador nacional do Movimento Luta de Classes (MLC) e Rafael Freire, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Lideranças estudantis organizadas pela União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe) e pela União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) também compareceram e dividiram as galerias da Casa com lideranças populares da Central de Movimentos Populares de Pernambuco (CMP-PE) e do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Vários membros do Comitê Pernambucano pela Memória, Verdade e Justiça (CMVJ-PE) estiveram presentes, como Rodrigo Deodato (coordenador do Gabinete de Apoio Jurídico às Organizações Populares – GAJOP), Anacleto Julião (filho de Francisco Julião), Amparo Araújo (fundadora do Movimento Tortura Nunca Mais) e o promotor de Justiça do Ministério Público Estadual Westei Conde, todos do CMVJ-PE.

Redação PE

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