Há alguns meses tivemos a divulgação dos dados do último censo realizado pelo IBGE em 2010, publicados pelo relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O Estado de Alagoas ficou em último lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (0,631), e nos subíndices longevidade (0,755) e educação (0.520), e ficou na 3º pior colocação quando se tratou de renda (0,641). Apesar de se perceber que os índices melhoraram em relação ao último censo, esse crescimento não acompanhou o ritmo de outros estados do Nordeste. Mas é preciso pensar nos motivos que fazem Alagoas deter esta ingloriosa colocação.
Com uma economia baseada na monocultura da cana-de-açúcar desde a origem e formação do estado e altamente dependente de recursos provindos da União, como o Bolsa Família e o Fundo de participação dos Municípios (FPM), o estado, não investe em obras estruturantes para o desenvolvimento de indústrias, tampouco há reforma agrária para acabar com o alto índice de concentração de terras.
Percebe-se, ainda, o total descompromisso com a educação pública, deixando centenas de jovens e crianças sem aulas durante quase um ano para realização de reformas nas escolas em 2012.
Alagoas também detém o famigerado título de estado mais violento, e esta violência pode estar sendo gerada pela grande desigualdade social vivida no estado, que tem, ainda, sua juventude, que sofre por falta de emprego, sendo paulatinamente exterminada nas periferias.
Para que realmente os índices que medem a qualidade de vida melhorem em Alagoas, é preciso projetos e planos continuados para as áreas de educação, saúde, para que se erradique o analfabetismo e que não tenhamos mais as pessoas morrendo nas filas dos hospitais. É preciso uma ampla reforma agrária para pôr fim ao coronelismo existente, e que o dinheiro gasto com a dívida pública pare de ser pago e sirva para a criação de emprego, principalmente no setor industrial.
E para isso, a população alagoana também tem um grande histórico de lutas e organização do seu povo contra a exploração, desde Zumbi dos Palmares na luta contra a escravidão passando por Manoel Lisboa, que lutou contra a famigerada ditadura civil militar no Brasil e pela revolução socialista, jovens e trabalhadores têm ocupado prédios e terrenos por reformas urbana e rural, indo às ruas pra dizer que Alagoas e todo o mundo não têm mais que ser terra dos coronéis e marechais, mas sim uma terra próspera e do povo.
Emanuel Lucas de Barros, Maceió