UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Crise e guerra no mundo

Outros Artigos

Boys gather near the wreckage of car destroyed last year by a U.S. drone air strike targeting suspected al Qaeda militants in AzanDesde 2008, passamos por uma profunda crise econômica que tem abalado todo o mundo. Em meio a toda essa crise, mais uma vez, podemos ver os Estados Unidos da América (EUA) preparar terreno para mais uma intervenção militar, agora na Síria, um país com grandes fontes de uma matéria-prima essencial para o capitalismo, o petróleo.

Nos últimos 30 anos, o mundo já passou por diversas crises econômicas, e, por diversas vezes, as medidas que os países imperialistas tomam para poder sair dessas crises mais fortalecidos têm sido as mesmas: arroxo salarial imposto aos seus trabalhadores, injeção monetária para salvar bancos falidos, corte de gastos do Governo com áreas sociais e aumento dos gastos governamental no setor bélico.

Desde o final dos anos 1970, a economia dos EUA se baseia em um modelo de crescimento econômico da corrente monetarista formulada por Friedman, resumindo-se em cinco pontos principais que mais se parecem com um pentagrama[1]: juros altos, inflação de demanda, desemprego, recessão e corte do investimento público. Formando, assim, um verdadeiro inferno para a classe trabalhadora.

Observando a taxa de variação do PIB[2] dos EUA de 1975 a 2005, notam-se três ciclos[3] distintos: 1) 1975 a 1983; 2) 1984 a 1992; 3) 1993 a 2002; em 1983, há a maior recessão da série, de 1,93%. Os outros anos de recessão foram: 1976 (0,19%), 1981 (0,22%), 1991 (0,16%) e a maior taxa de crescimento se dá em 1985 (7,18%). Observando sua média, o ritmo de crescimento do PIB norte-americano parece estancar-se em 3,5 e 4% ao ano. O que reforça a tese de Karl Marx que o crescimento econômico no sistema capitalista se dá após crises de superprodução, não conseguindo ser contínuo.

No primeiro ciclo encontramos os períodos da queda do sistema de Bretton Woods e a segunda crise do petróleo; já o segundo ciclo, coincide com o período da crise da dívida externa do terceiro mundo; e no terceiro ciclo temos o processo de abertura econômica especialmente nos países da América Latina, com a expansão do neoliberalismo.

Estes ciclos marcam a mudança de depressão-crescimento-depressão dessa economia, comprovando a falência desse sistema, que sustenta seu crescimento em gastos militares e espoliação de economias subdesenvolvidas. Todos os governos que passaram por esses ciclos, democratas e republicanos, adotaram as mesmas medidas anticíclicas do modelo de Friedman. Porém, os gastos públicos foram reduzidos principalmente nos setores de saúde e seguridade social, enquanto o Governo aumentava cada vez mais seus gastos militares em longas campanhas como a guerra Irã-Iraque, na guerra do golfo, a invasão da ilha Granada em 1983, e já nos anos 2000 nas campanhas “contra o terrorismo”.

Para entendermos esse processo de crise econômica e de intervenção militar é necessário saber quais são as principais características do imperialismo. Segundo Lenin, quando o capitalismo atinge o imperialismo ocorre a formação de grandes excedentes de capitais nos países industrializados, capitais esses que precisam ser exportados, tornando a exportação de capitais mais importante que a exportação de mercadorias. Além disso, outra característica do imperialismo é a necessidade de as grandes potências de garantir mercados e fontes de matéria-prima e a luta (por meio de guerra) pela repartição territorial das esferas de influência e das áreas coloniais e semicoloniais.

Para que possamos resolver o problema das crises econômicas, é necessário resolvermos o problema do que fazer com o excedente econômico, termos um Estado soberano que planifique a economia, garantindo que mais recursos serão destinados a saúde, educação e geração de empregos dignos e por fim nesse sistema anárquico de produção capitalista, que se sustenta com a miséria dos trabalhadores, gerando guerras e crises. Para tanto, é necessário a união da classe trabalhadora de todos os países para que possam enfrentar os ataques do imperialismo.

Emanuel Lucas de Barros, Maceió

Referências

Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxista-Leninistas (2013). A Situação Internacional. documentos 5º congresso PCR.

Sandroni, P. (1994). Novo Dicionário de Econmia.São Paulo: best seller.

Schincariol, V. E. (2009). Ensaios sobre a economia dos Estados Unidos. São Paulo: LCTE editora.

Souza, L. E. (2009). A economia dos EUA, 1981-2005: uma visão agregada. São Paulo: LCTE editora.

 

[1] Chamado por Luiz Eduardo Simões de Souza de pentagrama de Friedman em seu livro “A economia dos EUA 1981-2005 Uma visão agregada” ed. LCTE.

[2] PIB: Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país.

[3] Ciclo Econômico: Flutuação periódica e alternada de expansão e contração de toda atividade econômica de um país ou de um conjunto de países.

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes