Nesse dia 21 de outubro, data em que ocorreu o leilão do maior campo de petróleo descoberto pela Petrobrás e um dos maiores do mundo, o Campo de Libra, muitos protestos contrários a esse leilão ocorreram pelo Brasil. Um deles, porém, chamou-me especialmente a atenção.
Relembrando a cena: de um lado, uma barreira grande de soldados (mil e cem deles, segundo a TV) com roupas escuras e armas ameaçadoras; no outro, uma barreira de jovens com coloridas bandeiras, protegidos por improvisado escudo de placas de metal (em número de cem, segundo a TV).
A imagem emocionou-me.
Emocionou-me como gente. Emocionou-me como mãe. Emocionou-me como brasileira.
Aqueles poucos jovens diante de tantos soldados não nos desencoraja; pelo contrário, só nos encoraja. Lembramos de Jesus, que, mesmo na cruz, machucado, pregado, sem movimentos, mudou a história com seu exemplo. Deixou ao mundo a mensagem de que o povo, ainda que explorado, excluído, e mesmo em reduzido número, pode sim, enfrentar os poderes.
Aqueles jovens não nos envergonham; pelo contrário, só nos orgulham. Não tiveram medo da forte barreira escura com armas ameaçadoras. Nós é que nos envergonhamos de não estarmos lá com eles. Aqueles jovens ficaram próximos ao local, até o último momento, quando já não se podia impedir o leilão. Eles e elas lá, defendendo a soberania do Brasil, e nós seguindo com nossas tarefas, como se nada estivesse acontecendo.
Por que estavam ali? Certamente não para curtir “sexo, drogas e rock androll”, pois não vi nada disso ali.
Vi ali: coragem, que muitos sindicalistas e políticos “machões” não têm. Preocupação com Pátria, que o próprio Governo não tem. Politização, que os arrogantes de bolsos cheios e discursos vazios não tem.
Aqueles jovens e aquelas jovens disseram a nós que, em grandes massas ou em pequenos grupos, “Um filho teu não foge à luta”… e para não ser conivente com o machismo: “Uma filha tua não foge à luta”.
Antonia Carrara, São Paulo