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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Trabalhadores da Educação derrotam repressão no Rio

Nas manifestações de junho o povo na rua gritava não apenas por transporte, mas pela melhoria da saúde e da educação. Ouvindo a voz das ruas e cansados de ser atacados pelos governos, os profissionais de Educação da rede municipal e estadual do Rio de Janeiro entraram em greve no dia 8 de agosto.

De lá para cá, foram realizadas várias passeatas, atos, ocupações e grandes manifestações, que reuniram dezenas de milhares de pessoas.

A luta da Educação conquistou o apoio da população (estudantes, pais de alunos, artistas e outros trabalhadores) não só no Rio, mas em todo país, alcançando até visibilidade internacional. Pesquisas apontam que mais de 85% da população apoiou a greve dos educadores. Os pais se organizaram e passaram a se reunir com apoio do sindicato.

Porém, desgastados como estão, os governos estadual e municipal agiram com intransigência, sem querer negociar com o sindicato, e decidiram retirar à força os trabalhadores que ocupavam a Câmara Municipal e aprovar o PCCS da rede municipal enquanto a Câmara estava cercada pela Polícia, que jogava bombas de gás em cima de milhares de pessoas que protestavam do lado de fora.

Prova da intolerância do governo do Estado foram os processos administrativos que cerca de 400 educadores da rede estadual sofreram simplesmente por estarem em greve. Mas o principal é que os professores da Cidade do Rio conseguiram quebrar a intransigência dos governos e vencer uma violenta repressão.

A primeira grande conquista da greve foi a denúncia das políticas meritocráticas adotadas pela Secretaria de Educação, que está mais preocupada com números e metas do que com a qualidade do ensino e do aprendizado dos alunos. A educação é mais um dos serviços públicos atingidos pela mesquinhez do capitalismo, e o descontentamento com a má qualidade do serviço prestado vem sendo exposto desde as manifestações de junho.

Na rede estadual, além de um desgaste muito grande do governador, com a campanha “Fora Cabral”, foram abertas linhas de diálogo para discutir o projeto “uma matrícula, uma escola”, que garante que os professores cumpram sua carga horária em uma única escola e que nenhuma disciplina tenha menos de dois tempos por semana.

Já na rede municipal, foram conquistados o reajuste de 15%, a redução do número de alunos por turma e o estabelecimento de um cronograma de construção de novas unidades escolares, além da promessa de expandir a climatização das salas de aula. O plano de carreira, mesmo não sendo o desejado, foi estendido aos professores de 16h e 22,5h, e a adoção das apostilas elaboradas pela Secretaria passará a ser facultativa a partir do próximo ano.

Ainda foram garantidos o não corte de ponto e a suspensão dos processos administrativos e das multas aplicadas ao sindicato (Sepe). Também foi formado grupo de trabalho da rede estadual para debater os projetos apresentados pelo Sepe, e outro da rede municipal para debater a valorização da carreira dos profissionais de Educação.

Esta greve ficará marcada pela união da categoria em torno da luta pela melhoria da qualidade da Educação e pela conscientização dos professores, que perceberam as intenções das políticas privatizantes dos governos no sentido da destruição da Educação e dos serviços públicos. Ficou claro a todos como o Estado age de forma violenta quando vê seus interesses questionados. A política de meritocracia serve para os governos economizarem com a Educação e poderem repassar mais dinheiro para empresas parceiras, que vão financiar suas campanhas eleitorais.

O fim da greve não é o fim da luta, mas o início de uma nova etapa, agora em sala de aula, com professores renovados, conscientes do seu papel social e de que tipo de educação querem para o povo, e prontos para voltar às ruas caso não sejam cumpridos os acordos.

Gabriela Gonçalves, Rio de Janeiro

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