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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Falta de políticas públicas penaliza jovens

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JovensOs jovens na faixa etária de 10 a 24 anos ocupam cerca de 27% na pirâmide demográfica, ou seja, representam um grupo de grande relevância social. Mas as políticas instituídas no Brasil não abrangem as necessidades da juventude. Nos últimos dez anos, a mortalidade infantil foi reduzida, salvando 24 mil crianças, mas, no mesmo período, 80 mil adolescentes foram assassinados.

O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê várias políticas para os jovens, mas sua aplicação não é ainda uma realidade. Entre os principais problemas da juventude estão a gravidez precoce na adolescência, o alcoolismo, o uso de drogas, a violência praticada pelo tráfico e pelo Estado, a falta de cuidados básicos na saúde.

Quanto a esta última questão, o Sistema Único de Saúde (SUS) nem de longe está preparado para atender os jovens. O cuidado, o diálogo e o respeito às individualidades e ao contexto sociocultural para a efetivação da educação em saúde acabam não existindo. Os profissionais que trabalham nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo, não possuem uma preparação específica voltada ao entendimento dos problemas que envolvem adolescentes, pois sua formação acadêmica e sua capacitação prática são deficitárias, fazendo com que questões simples não sejam resolvidas na base do sistema, sobrecarregando sua ponta.

A falta de uma infraestrutura mínima por parte das gestões públicas e o desconhecimento de parte dos profissionais no trato com a sexualidade e a reprodução deixam os adolescentes desassistidos, em especial as meninas, pois apenas informações sobre funcionamento do aparelho reprodutor e a prevenção a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) não são suficientes para a conscientização de milhões de jovens, especialmente se falarmos de mulheres jovens e pobres, que, muitas vezes, estão mais expostas à violência sexual, à discriminação por sua condição social ou de gênero.

Tendo em vista a precariedade desse sistema em que vivemos, é indispensável a participação efetiva dos jovens na formulação das políticas públicas para que a opinião da juventude seja levada em conta e para que haja um real comprometimento de todos os envolvidos para a garantia do direito à saúde.

Thais Mátia, do Movimento de Mulheres Olga Benário e da UJR em MG

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