Após nove anos do Massacre de Felisburgo, mais dois réus foram julgados e condenados. A decisão do 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette em Belo Horizonte aconteceu em 24 de janeiro, quando o juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes anunciou a pena de 102 anos e seis meses de prisão para os dois pistoleiros, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e incêndio durante a invasão do acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, norte de Minas Gerais.
Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST), o julgamento e a condenação dos pistoleiros é uma grande vitória da luta pela direito à terra no Brasil, um importante passo que traz um sentimento de justiça aos trabalhadores rurais e camponeses em toda a região, marcada por inúmeros conflitos agrários. Os dois pistoleiros são os únicos assassinos que ainda vivem na região.
Com medo de retaliação e pelas ameaças constantes vivdas pelos trabalhadores rurais, a direção estadual do MST exige a imediata prisão dos condenados. A preocupação é muito justa já que em outubro de 2013, o mandante do massacre e réu confesso, Adriano Chafik foi condenando a 115 anos de prisão por ter participado diretamente do ataque ao acampamento Terra Prometida. Além de Chafik, o capataz Washington da Silva foi condenado a 97 anos e seis meses de cadeia. Mas ambos estão em liberdade aguardando o julgamento dos recursos.
Histórico do Massacre
O Massacre de Felisburgo aconteceu no dia 20 de novembro de 2004 no acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria, no município de Felisburgo. Na ocasião, cinco trabalhadores rurais foram assassinados e outras 12 pessoas, entre elas uma criança de 12 anos, ficaram feridas. Além disso, 27 casas e uma escola foram incendiadas. As famílias Sem Terra, vítimas do massacre montaram acampamento na fazenda Nova Alegria em 2002. No mesmo ano, 567 dos 1.700 hectares da fazenda foram decretados pelo Instituto de Terras de Minas Gerais (ITER) como terras devolutas, ou seja, área do Estado que deveria ser devolvida para as famílias acampadas e transformado em assentamento de Reforma Agrária.
O julgamento desses criminosos e a consequente condenação representam uma vitória do movimento popular que luta contra a criminalização das lutas sociais no Brasil e a impunidade.
Fernando Alves, Minas Gerais