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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Relato de racismo nas Lojas Americanas de Nova Iguaçu, RJ

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bianaca2Meu nome é Brenner Oliveira, milito na União da Juventude Rebelião e faço parte da direção do Diretório Central Mario Prata – UFRJ. Vou relatar agora um daqueles momentos em que as contradições do capitalismo batem perto da gente, fazendo queimar com mais força a chama da necessidade de lutarmos contra este sistema.

No dia 11 de fevereiro (terça feira), minha tia, Bianca Maria Azenha, mãe de um grande e antigo amigo a quem me empresto como sobrinho, 55 anos, preta, foi violentada física e moralmente nas Lojas Americanas, no Centro de Nova Iguaçu. Procurou a loja com o objetivo de pesquisar um ar-condicionado, ao sair, o detector que fica na entrada/saída apitou. Dentre umas oito pessoas não-pretas que passavam ao mesmo tempo pela saída, o segurança abordou minha tia, de forma truculenta, racista e machista, questionando o que ela carregava no meio de sua bolsa.

Certa de que não cometera qualquer infração, foi ágil em colocar todos os seus itens para revista, ainda em estado de raiva gritando: “não acredito que você está insinuando que eu roubei alguma coisa, eu não sou ladra”, disparou ela. Não satisfeito, o segurança das Lojas Americanas disse:“é barraqueira?! Sua barraqueira, barraqueira”, divertindo-se. “Eu sou uma senhora você me respeita”. “Barraqueira, sua barraqueira, barraqueira”, aos gritos, ambos. Enraivecida com o segurança, ela o xingou e ele, imediatamente, deu um tapa tão forte no rosto dela, que ela parou bem distante do local, ganhando grandes hematomas e um óculos quebrado.

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A violência contra as mulheres das formas mais impensadas às mais previsíveis, também pode ser sexual, psicológica, econômica, racial, de gênero. Estas modalidades se relacionam, vitimando a mulher desde seu nascimento até sua morte. Num cenário em que 70% das mulheres, segundo a ONU, podem sofrer algum tipo de violência durante sua vida, não dar o enfretamento necessário a este problema só dificulta a emancipação da sua mãe, tia, avó, prima, irmã, amiga, namorada, esposa, sobrinha, vizinha, professora…

Bianca acionou rapidamente a PM, que infelizmente, não foi rápida em dar assistência. Mas o fato é que enquanto os policiais não chegavam, o gerente das Lojas Americanas foi rápido em levar o segurança pro escritório e convidou minha tia para subir também, naquela velha tentativa de colocar oprimido e opressor juntos para que cheguem num acordo que tente restaurar a paz, descaracterizando a vítima e vitimizando o opressor.

Claro que ela não foi. Quando os policiais chegaram, tomaram nota do que houve, e o gerente das Lojas Americanas saiu com os policiais que disseram que iam ali e já voltavam para fazer a ocorrência, e não voltaram. Bianca ouviu do gerente, em tom de deboche, que aquilo não ia dar em nada. Como ele pode ter tanta certeza?
Minha tia já procurou a delegacia e já fez corpo de delito, mas, infelizmente, não passa bem, porque as marcas de uma violência que vem de uma herança histórica não passam quando as manchas somem. Negros e negras são duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele.

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Nesta mesma semana, em Nova Iguaçu, um policial preto a paisana foi morto por um segurança despreparado e desqualificado de um posto de gasolina, próximo à praça do skate, por vê-lo correndo atrás de um jovem infrator branco e com roupas caras, deduzindo que o policial fosse um ladrão. Foram 5 tiros à queima roupa. Execução. As chances de um negro ser assassinado é 4 vezes maior do que um branco, e esse tipo de violência de minha tia sofreu só corrobora a cultura do racismo e do machismo que infesta o Brasil, porque se é difícil ser preto, ser preta pode ser miseravelmente pior.

Brenner Oliveira, militante da UJR – União da Juventude Rebelião

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1 COMENTÁRIO

  1. Brenner, infelizmente isso ainda acontece em nossa sociedade, embora seja lamentável que, em pleno século XXI ainda vejamos atrocidades dessas todos os dias. Nosso papel é deve ser sempre de divulgar para que não passe despercebido. Lamento pela sua tua tia.
    Abraços amigo

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