O Governo Federal lançou no 20 de janeiro, campanha nacional que incorporará ao Sistema Único de Saúde a vacina de imunização contra o Papiloma Vírus Humano, conhecido como HPV. A campanha de combate ao vírus iniciará no dia 10 de março e tem como meta imunizar este ano 5,2 milhões jovens de 10 a 13 anos em todo o país. Em 2015, meninas de 9 e 10 anos também serão incorporadas à campanha de imunização. A eficácia da vacina é comprovada em mulheres que ainda não iniciaram sua vida sexual e, portanto, não tiveram contato com uma dos mais de 100 tipos de HPV existentes.
As meninas só poderão ter acesso à vacina se obtiverem autorização de pais ou responsáveis e o processo de imunização se dá em três doses com cerca de dois meses de intervalo entre eles. O objetivo da campanha é preventivo e não substitui a necessidade de exames periódicos, acompanhamento ginecológico e de educação sexual.
Sendo assim, a luta pela disponibilização da vacina para as meninas de todas as regiões do país deve ser constante e aliada à já histórica luta pela disponibilização de acompanhamento ginecológico e especializado de todas as mulheres do país.
Alguns especialistas temem que a campanha esbarre no machismo ainda existente na sociedade e que se reproduz no seio familiar. É preciso ultrapassar o tabu pois, algum dia, elas iniciarão sua vidasexual e também estarão sujeitas à contaminação por doenças transmissíveis pelo ato sexual, como o HPV, ou outro vírus.
A disponibilização gratuita da vacina por parte do Estado é uma importante vitória para as mulheres brasileiras, tendo em vista que o câncer de colo de útero, que tem como uma de suas maiores causas o desenvolvimento do HPV, é uma das doenças que mais mata mulheres. Porém, ainda persiste em nosso país a dificuldade de acesso de mulheres e jovens a espaços de educação sexual e planejamento familiar, bem como é muito difícil para aquelas oriundas das camadas mais pobres terem acesso à métodos de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e à exames de acompanhamento ginecológico.
A inexistência de centros de especialidades médicas com capacidade de absorverem mulheres mais pobres em diversas regiões afastadas dos grandes centros é ainda uma realidade e dificulta o acompanhamento da saúde dessa parcela da sociedade. O Movimento de Mulheres Olga Benário segue na luta constante pela implementação de programas e estruturas concretas que beneficiem a prevenção e o cuidado com a saúde das mulheres trabalhadoras de todas as regiões do país.
Raphaella Mendes, Movimento de Mulheres Olga Benário