No dia 08 de março, os garis do Município do Rio de Janeiro encerraram a combativa greve de oito dias que sacudiu a cidade no período de Carnaval. “Quem luta conquista!” e “Trabalhador unido jamais será vencido!” foram as palavras de ordem que serviram de enredo nas passeatas realizadas diariamente.
Com a greve, a categoria conquistou um aumento salarial de 37%, elevando o salário de R$ 803,00 para R$ 1.100,00, e um aumento de 66,6% no vale-refeição, que passou de R$12,00 para R$ 20,00 diários, além de aumento na insalubridade, entre outros. Este percentual de aumento, apesar de manter baixo o salário dos agentes de limpeza, representa um dos maiores nos últimos anos para a classe trabalhadora brasileira.
Estes aumentos, no entanto, não conseguem esconder a grande exploração a qual a categoria está submetida (não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o País), recebendo salários irrisórios frente ao trabalho fundamental que realizam, lidando diretamente com todo tipo de lixo, faça chuva ou faça sol, de domingo a domingo.
E as elites não queriam permitir que todo um conjunto de trabalhadores chegasse a conclusões profundas sobre a exploração que sofrem. Entre elas a de que os garis sempre estiveram em último plano para os gestores da Comlurb (que paga salários até 20 vezes maiores para os cargos de gerência) e da Prefeitura (que gasta milhões de reais com empreiteiras anualmente). Agora, após a união da categoria ter quebrado o discurso antigreve e ter conquistado apoio popular em todo o Brasil, o prefeito Eduardo Paes afirma: “Não escondo que o gari é a alma dessa sociedade. Não deu pra dar o que eles esperavam, mas foi bastante generoso”.
O jornal A Verdade esteve presente durante toda a greve histórica dos garis do Rio de Janeiro, realizando uma cobertura ao lado dos trabalhadores contra a campanha de difamação realizada pela grande mídia e pela imprensa oficial, mais preocupadas com a imagem turística da “Cidade Maravilhosa” do que com os direitos trabalhistas, o bem-estar da população e a saúde pública.
Depois de 30 anos adormecida, a categoria viu que sem ela a cidade não sobrevive. Esta consciência é o passo fundamental para a formação de uma nova perspectiva de organização, onde o próximo passo é garantir que sua representação sindical não permaneça mais nas mãos de falsos trabalhadores, pelegos, traidores de seus interesses de classe. Só conquista quem luta!
Esteban Crescente e Redação