Foi num clima de muita animação que o 3º Encontro Nacional dos Estudantes de Escolas Técnicas (ENET) iniciou, nesta sexta-feira (18/04), suas atividades no Instituto Federal de Brasília (IFB). O evento, organizado pela Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (FENET), conta com a presença de cerca de 1.500 participantes, vindos de 24 estados, mais o Distrito Federal. A palavra de ordem “Isso que é federação, a FENET tá na rua pra mudar a educação” agitou o plenário e deu o tom da abertura.
Uma mesa foi composta, presidida por Bia Martins, coordenadora-geral da FENET e estudante do CEFET-MG, contando com as presenças do professor Wilson Conciani, reitor do IFB; Alexandre Fleming, coordenador do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), que destacou a importância da união entre as lutas do movimento estudantil e sindical para efetivar uma educação de qualidade para toda a rede de institutos federais; Carlos Odas, coordenador da Coordenadoria de Juventude do Governo do Distrito Federal; Edival Nunes Cajá, ex-preso político e presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, aplaudido de pé por seu discurso sobre a Ditadura Militar no Brasil; além dos grêmios estudantis dos Institutos Federais do Pará, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso e Paraná, representando as cinco regiões do Brasil.
Bia Martins dedicou a abertura do Encontro ao patrono da FENET, o estudante cearense José Montenegro de Lima, assassinado pela Ditadura Militar, quando já residia no Rio de Janeiro para liderar, em nível nacional, a organização do movimento estudantil nas escolas técnicas.
Abaixo, destacamos alguns dos principais trechos das saudações da mesa de abertura.
“Vivemos no Brasil o mais longo período de democracia ininterrupta. Já são 30 anos, mas ainda estamos longe de garantir participação e direitos a todos, e não apenas a uma parcela da população. Precisamos de organizações sociais mais fortes, pois a democracia não é só nos grandes atos e parlamentos, mas também nas pequenas ações, de baixo para cima. Por isso decidimos apoiar a realização do ENET, pois aqui podemos ver que foi construído um espaço amplo e democrático.” – Prof. Wilson Conciani, reitor do IFB
“É uma honra falar, nesta noite, da Tribuna José Montenegro de Lima, que foi um dos pioneiros na organização nacional dos estudantes de escolas técnicas, e foi semente para que, décadas depois, surgisse a FENET. Eles, os militares golpistas, pisaram as flores do nosso jardim, mas não puderam acabar com a primavera. Hoje lutamos em todo o país pelo direito à memória, verdade e justiça, para levar aos tribunais todos os torturadores e comandantes da Ditadura Militar, que assassinou mais de 500 brasileiros, sendo que cerca de 150 ainda não tiveram seus corpos devolvidos a suas famílias, baniu, exilou e torturou. A Ditadura ainda não acabou, pois ficou a impunidade, o entulho autoritário, a prática da tortura nas delegacias e as sequelas nas suas vítimas. Me orgulho de ter ingressado num partido político, o PCR, e ajudado a organizar a luta armada para resistir a tudo isso, e quero homenagear todos os que sofreram violências naquele período nos nomes de três estudantes: José Montenegro de Lima, Manoel Lisboa e Honestino Guimarães.” – Edival Nunes Cajá, ex-preso político
“Espero que cada um que está aqui se coloque nos Grupos de Debate para construirmos uma FENET com muita politização e cultura.” – Luane Motta, do grêmio do IFCE
“Temos que organizar mais lutas nos institutos, e acho que a juventude que veio até Brasília, enfrentando dez horas de barco, mais dois dias de estrada, já provou que está disposta. A nossa Região Norte é muito rica em cultura e bens naturais, mas é uma das mais atingidas pela falta de estrutura na educação e pelas mazelas do sistema.” – Jaqueliny Lopes do grêmio do IFPA
Redação