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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Derrotada nas urnas, direita tenta golpe na Venezuela

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Ato de solidariedade à VenezuelaApós a frustração de 2002, em que o povo venezuelano derrotou nas ruas o golpe de Estado arquitetado pelas oligarquias econômicas venezuelanas e o imperialismo ianque, os setores mais reacionários da direita venezuelana tentam explorar o descontentamento existente em parcelas da população para desencadear ações desestabilizadoras e golpistas monitoradas e financiadas pelos EUA. Mesmo a direita venezuelana tendo sido derrotada há pouco mais de um ano, em duas eleições presidenciais e nas eleições municipais, esses setores, liderados pelo oportunista Leopoldo López, insistem em tentar derrubar o governo eleito.

Tudo começou quando, no início de fevereiro, estudantes de San Cristóbal, no Estado de Táchira, protestaram contra a falta de segurança nos campi universitários depois que uma jovem sofreu uma tentativa de estupro. Os protestos se alastraram por outras cidades, incorporando novas demandas, como os problemas econômicos e o apelo pela soltura de estudantes detidos em manifestações anteriores.

Aproveitando a oportunidade, uma ala mais radical da coalizão de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD), encabeçada pelos opositores Leopoldo López (líder do partido Vontade Popular), Maria Corina Machado (deputada reacionária da Assembleia Nacional, eleita pelo Soma-te) e Antonio Ledesma (prefeito de Caracas), incorporou-se às manifestações para dar ao movimento um caráter golpista, exigindo a derrubada do presidente Nicolás Maduro.
O 12 de fevereiro, em que se comemora na Venezuela o Dia da Juventude, foi o dia de maior tensão. O saldo do confronto entre manifestantes da oposição, apoiadores do governo e forças policiais foi de três mortos, 23 feridos, 25 presos, quatro viaturas queimadas e prédios públicos atacados. Mas é importante ressaltar que as baixas e os feridos ocorreram de ambos os lados, e que o governo acusa a ação de milícias fascistas, montadas em motocicletas de altas cilindradas, para realizar atentados.

Mas, diferentemente do que prega a direita, a Venezuela não é uma ditadura. O voto não é obrigatório; presidentes, governadores e prefeitos, além dos membros dos correspondentes poderes legislativos, são eleitos pelo voto popular; e ainda, caso o povo esteja insatisfeito, após dois anos de governo, o mandato do governante pode ser revogado por meio de um plebiscito. Mais de 70% dos meios de comunicação na Venezuela são privados e apoiam a oposição, incluindo os dois principais veículos.

O atual governo do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) foi legitimado por duas eleições consecutivas. A primeira em outubro de 2012, quando o ex-presidente Hugo Chávez foi reeleito com 56% dos votos válidos contra o candidato Henrique Capriles, da MUD. Com a morte de Chávez, em março de 2013, novas eleições foram convocadas para abril, quando Nicolás Maduro derrotou o mesmo Capriles com 50,66% dos votos.

A direita então liderou uma onda de violentas manifestações, contestando o resultado. Mas, diante do reconhecimento internacional da vitória de Maduro, Capriles resolveu adotar uma estratégia de reconhecer o resultado e de se fortalecer para derrotar o chavismo nas eleições municipais que ocorreriam em dezembro. A direita foi, então, mais uma vez frustrada pelo desejo do povo venezuelano de manter as conquistas alcançadas pela Revolução Bolivariana. O partido de Maduro, o PSUV, conquistou nacionalmente 49,2% dos votos sufragados nas eleições municipais contra 42,7% da coalizão de oposição MUD. Apesar de a oposição ter vencido em cidades importantes, como nas cidades da região metropolitana de Caracas, o chavismo venceu na maioria esmagadora dos municípios venezuelanos.

Limitações do “Socialismo do Século 21”

Apesar dos avanços políticos garantidos pela Constituição, depois de década e meia de “revolução bolivariana”, o poder econômico de empresários e banqueiros é enorme, e velhos problemas econômicos não foram superados, alguns dos quais se agudizaram.

Em todo esse período, o país pouco desenvolveu a indústria, a ponto de ser preciso importar vários produtos, como papel higiênico, arroz, açúcar, óleo, carne, etc. É claro que neste cenário atua também o boicote empresarial, porém seria um erro responsabilizá-lo exclusivamente pelos acontecimentos.

A realidade é que esta crise demonstra os limites políticos da “Revolução Bolivariana”, que não golpeia de forma profunda o poder das classes dominantes nem rompe com a dependência do país dos recursos do petróleo.
Neste momento, o mais importante é que o povo venezuelano deve rechaçar as intenções de golpe da extrema-direita e do imperialismo, mas também deve atuar no sentido de fazer avançar o governo rumo a uma ruptura revolucionária com o sistema capitalista e as velhas estruturas do Estado burguês.

Clodoaldo Oliveira, João Pessoa

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