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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Metade das mortes na luta pela terra e o meio ambiente foram no Brasil

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Segundo pesquisa divulgada pela ONG inglesa Global Witness no último dia 15 de abril, o número de mortes de defensores da terra e do meio ambiente chegou a 908 entre 2002 e 2013. O estudo destina um capítulo ao Brasil, país com o maior número de assassinatos de ativistas do meio ambiente e da terra (49,3% de todas as mortes levantadas na pesquisa, isto é, 448 óbitos). Em segundo vem Honduras, com 109 óbitos. É importante também ressaltar que a pesquisa se deu com relação a mortes ligadas ao ativismo especificamente da área do meio ambiente e da terra, diminuindo escandalosamente o número de mortes na Colômbia, país que mais mata sindicalistas no mundo.

O relatório traz mortes de ativistas em 35 países. A Global Witness reconhece que os números são maiores ainda, pois, na prática, a pesquisa trabalha apenas com dados oficiais. Além do grande número de mortes, a impunidade é algo marcante. Em apenas 1% dos crimes os culpados tiveram que responder na justiça e foram condenados. No Brasil existem casos históricos como o de João Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponesas de Sapé, na Paraíba, assassinado pelo latifúndio em 02 de abril de 1962, e o de Chico Mendes, seringueiro que lutou contra a devastação da Floresta Amazônica e assassinado nos fundos de sua casa, em 22 de dezembro de 1988, no Acre.

A pesquisa destaca ainda a opinião do professor de História Contemporânea do Brasil da Universidade da Califórnia, Dr Clifford Welch. Ele avalia que o principal motivo é o modelo de utilização da terra, o latifúndio, a produção de commodities e a desvalorização da natureza e da floresta. “Isto desvaloriza as pessoas que vivem ao redor dos latifúndios, e a tendência é que elas sejam empurradas para fora do caminho dos latifundiários”.

Neste sentido, o principal problema das mortes de ativistas no Brasil está ligado à questão da terra e da reforma agrária, onde reina a impunidade e o desmando do latifúndio. É fundamental que os movimentos sociais da cidade e do campo estejam unidos para defender a reforma agrária e combater juntos neste conflito social, o qual não há dúvidas de que é um conflito de classes.

Daniel Victor e Redação

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