No último feriado, de 01 a 04 de maio, aconteceu, na cidade do Rio de Janeiro, o 24º Congresso da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), que reuniu estudantes de mestrado, doutorado, especializações latu sensu independentes ou representados por várias APGs de universidades de todo o país.
A pós-graduação, por estar inserida na comunidade acadêmica, para além das pautas universais, apresenta pautas e demandas específicas, o que torna indispensável uma representação estudantil politizada e compromissada com o crescimento da ciência e da tecnologia. Dentre inúmeros assuntos, as principais pautas debatidas exaustivamente no Congresso foram o sistema produtivista da Capes e das outras agências de fomento, as políticas de assistência estudantil da pós-graduação, o assédio moral aos pós-graduandos, os critérios de avaliação dos programas de pós-graduação, a distribuição e valorização de bolsas e a representação discente nos órgãos colegiados, entre outras.
O Congresso deixou claro o aparelhamento a que a entidade está atualmente submetida, imposto por um grupo político despolitizado que, por ser base do Governo Federal, evita o debate, boicota o surgimento de novos grupos e tenta estipular golpes, rebaixando o debate e tentando desviar o principal foco de um evento estudantil.
Porém, no 24º Congresso da ANPG, um novo grupo de oposição surgiu. Ao contrário das calúnias descaradamente propagadas por integrantes da diretoria majoritária, o grupo de estudantes que construiu o movimento de Oposição na ANPG foi composto por pós-graduandos de várias universidades como UFMG, UFRJ, UNICAMP, UFRGS, UFSCAR, UNESP, FIOCRUZ, UFLA, UFSC, e USP São Carlos, que participaram de todos os debates, painéis e plenárias. Por apresentarem coerência política, os pós-graduandos que construíram na base documentos como a Carta de Tramandaí, Tese Após a Pós, Tese O Movimento de Pós-Graduação Precisa Avançar, Tese Rebele-se e a carta Por Que Valorizar a Pesquisa e os Pesquisadores, e outros pós-graduandos que se também estavam no congresso buscando debates produtivos e propositivos a respeito da pós-graduação, uniram-se e construíram a tese Amanhã Vai ser Maior!.
A tese Amanhã Vai Ser Maior apresenta uma detalhada análise de conjuntura e levanta questões pertinentes à pós-graduação e à pesquisa no Brasil, apontando seus principais problemas e tecendo uma análise crítica do porquê hoje passamos por tantas dificuldades na pós-graduação. Além de fazer uma proposta concreta do que deve ser o movimento para o setor de pós-graduandos e o papel que a ANPG deve desempenhar, apresenta 32 propostas concretas com a atual realidade da pós-graduação e dos pó-graduandos.
Formada dentro do espaço do Congresso pela convergência de ideias entre os pós-graduandos que hoje compõem a Oposição na ANPG, em sua primeira participação, a tese Amanhã Vai Ser Maior enfrentou o despreparo fruto do desespero e imaturidade política da diretoria majoritária, que, ao perceber a formação do campo de oposição, promoveu plenárias paralelas para tentar divulgar mentiras sobre as propostas apresentadas pela oposição, tentando boicotar o credenciamento de pós-graduandos que compõem o grupo e questionando a participação desses pós-graduandos nos espaços “oficiais” do Congresso, sendo que, no Facebook e site oficiais da entidade, todas as fotos divulgadas contam com a presença dos estudantes da oposição.
Porém, agora os tempos são outros. Mesmo com todas as dificuldades, a força, a coerência, a firmeza ideológica, a união e a combatividade dos companheiros que construíram a tese Amanhã Vai Ser Maior garantiu que esta fosse vitoriosa, conseguindo 20% dos votos dos delegados, o que garantiu à oposição seis diretorias na entidade.
Agora o movimento de pós-graduação ganha uma nova tônica, uma nova força, uma nova cara e principalmente uma nova forma de representação estudantil. A Oposição sabe que ainda tem muito o que conquistar, mas segue unida com a certeza de que amanhã vai ser maior!