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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Odessa: o massacre que a imprensa “não viu”

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Depois de enfrentamentos iniciados após uma partida de futebol, grupos favoráveis ao governo golpista de Kiev cercaram dezenas de manifestantes contrários, que tinham se refugiado no prédio da Central Sindical, e provocaram um incêndio criminoso usando coquetéis molotov. Os extremistas impediram a saída das pessoas – espancando as que tentavam fugir – enquanto incendiavam as dependências do sindicato, como pode ser visto nos videos divulgados na internet pelos próprios autores da chacina. O resultado foi 46 pessoas assassinadas, muitas das quais morreram sufocadas pela fumaça, outras queimadas, e ainda houve as que se atiraram ao vazio tentando fugir das chamas. Isto constitui, sem sombras de dúvidas, um massacre. No entanto, a mídia ocidental, que atua como um mero canal de propaganda de EUA e da Otan, sempre pronta para divulgar justificativas para guerras e intervenções “humanitárias”, não viu este massacre.

Vadim Negaturov, poeta ucraniano assassinado no massacre.

Com a clara intenção de diminuir o impacto do acontecimento, entrou em cena a “linguagem do poder”, então, em vez de ficarmos sabendo que 46 pessoas foram cercadas e queimadas vivas, foram usados artifícios como “enfrentamentos deixam 46 mortos”, ou ainda “incêndio causa mortes”, sem entrar em detalhes e ocultando ou camuflando a autoria do incêndio e tomando especial cuidado para não personificar as vítimas.

Normalmente, quando a imprensa quer nos comover com algum massacre ou com alguma tragédia natural da qual pretenda obter algum lucro político, as vítimas são humanizadas: elas têm nome e uma história, os planos truncados da vítima são apresentados detalhadamente para gerar empatia no público. Mas, em Odessa, a imprensa transformou todas as vítimas em anônimos, pessoas sem rosto, sem nome e sem história. Ninguém sabe no Ocidente, pelo menos não pela imprensa corporativa, que o poeta ucraniano Vadim Negaturov morreu ao pular do prédio da sede sindical em chamas. Ninguém sabe se ele tinha filhos, ou se ele tinha sonhos. Também não seremos informados se ficou algum poema inacabado.

Neil Clark questiona “por que o uso da força por parte das autoridades contra os manifestantes era completamente inaceitável ​​em janeiro, mas é aceitável agora?”, Clark disse estar confuso com estas “contradições”. Nós também estamos. Por esse motivo consideramos que é imprescindível analisar como a mídia corporativa está escolhendo as palavras para mascarar o massacre. Não fizemos um levantamento sobre como a mídia brasileira veiculou a notícia, mas traduzimos dois artigos com dados importantes sobre como vários grandes veículos de imprensa internacional noticiaram o massacre de Odessa.

Por Natalia Forcat, Oriente Mídia (http://www.orientemidia.org/)

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