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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Comissão da Verdade faz audiência sobre a educação no período da ditadura

audiencia 1A Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva- SP realizou no dia 30 de maio uma audiência pública sobre os problemas causados à educação brasileira pela ditadura militar brasileira. O objetivo foi o de mostrar a atuação de educadores a serviço da visão fascista da ditadura e dos formuladores de uma política autoritária e elitista, que atingiu profundamente as gerações futuras da nossa sociedade.

No período da manhã, o Prof. Dr. Luis Antônio Cunha fez um destaque importante sobre a simbiose entre Estado e Capital na educação, lembrando que isto não foi inventado pela ditadura, mas foi intensificado neste período, com politicas públicas que tem seus efeitos até hoje, como o próprio PROUNI, em que se paga com dinheiro privado a escolas particulares, sob a alegação de favorecer os jovens que não conseguem acesso nas universidades públicas (mas caso se levassem estes recursos líquidos para as universidades federais, seria possível dobrar o número de vagas ofertadas) entre outras questões, citou também a compulsória profissionalização do Ensino Médio ocorrida no período.

A Prof.ª Dr.ª Circe Bittencourt (USP/PUC-SP) falou sobre “Ensinar História após a ditadura militar” e destacou como primeira medida da ditadura contra o estudo mais crítico da história a prisão de todos os autores da Coleção História Nova. Citou também a prisão de tantos professores como Caio Prado Junior. A professora fez uma análise de como isso reflete hoje no papel do professor em sala de aula, que não é mais um intelectual, mas que muitas vezes, segue na íntegra, o material didático que lhe é ofertado, por pior que seja o material. Este quadro de “deformação” na formação de professores, leva anos, para ser revertido.

No período da tarde, todas as falas convergiram na tentativa de demonstrar de que maneira foi engendrada a inserção das doutrinas e dos princípios elaborados pelos militares com uma finalidade: regenerar moralmente, por meio da via Educacional, os indivíduos e combater o inimigo. E quem era esse inimigo: o comunismo.

Tratava-se da tentativa de extirpar, através da introdução das disciplinas de Educação Moral e Cívica, Organização Política e Social audiencia 2Brasileira e dos Estudos Sociais, a ideologia comunista. Portanto, era urgente proteger o Brasil, pois se tratava de um risco à ordem, à moral, à disciplina, às famílias e à propriedade. Enfim, era um risco ao projeto elitista e excludente, que ainda está em curso nos dias atuais.

Sendo assim, os militares aniquilaram os movimentos educacionais e populares que estavam em curso naquele momento histórico. Além disso, consolidaram a já existente Escola Superior de Guerra, com o intuito de elaborar conteúdos que tivessem “embasamento e força de ciência”, para respaldar o monopólio da força utilizada para efetivar a “limpeza” do Brasil.

 

Site da Comissão da Verdade Rubens Paiva

 

Carolina de Mendonça e Paula Rodrigues, São Paulo.

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