Autonomia técnica, reforço no orçamento condizente com plano de trabalho, valorização salarial e patamar do ciclo de gestão, são algumas das reivindicações dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em greve desde 26 de maio. Os grevistas lutam ainda pela valorização do servidor temporário, os quais ocupam quase a metade do quadro técnico do órgão. Aderiram à greve 17 estados mais o Distrito Federal.
Devido à paralisação dos servidores, pesquisas importantes como a Pesquisa Mensal de Emprego foram divulgadas incompletas e fora do prazo previsto na Região Sul e no Estado da Bahia. Também as pesquisas anuais se encontram atrasadas em praticamente todo o território nacional. A direção do IBGE ajuíza liminar que exige 70% do pessoal trabalhando e, em caso de descumprimento, multa ao sindicato de R$ 100 mil ao dia. Apesar de afirmar na mídia que a greve contava com a participação de apenas 15% da classe de servidores, a direção do órgão retornou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para anexar documento em que afirma que os grevistas não cumpriram a liminar, pedindo, então, a aplicação de uma multa de R$ 200 mil.
A pesar de toda a dificuldade enfrentada pelo sindicato em assegurar uma negociação, já que a ministra do Planejamento Mirian Belchior afirmava não negociar com servidores do IBGE, dando toda autonomia para a presidente do órgão, Wasmália Bivar, foi sinalizado um possível aumento salarial para a classe mais precarizada, os agentes de pesquisa e mapeamento (APMs), a partir de 2015.
Desvio de função, assédio moral, falta de garantias e auxílios, além da falta de protetor solar são alguns dos motivos que fizeram com que os APMs aderissem em massa à greve. Sendo estes servidores a maior força de trabalho do IBGE, o movimento paredista se tornou enérgico. No entanto, como forma de intimidar e enfraquecer o movimento, a direção do órgão decidiu demitir grande parte dos APMs que paralisaram suas atividades, somando cerca de 200 demissões em nível nacional, ferindo, assim, o direito de greve garantido por lei. A presidente do IBGE afirmou que o motivo das demissões se baseava na falta de pontualidade e de produtividade dos servidores, porém, todos os servidores estão assegurados com o ponto na greve e, uma vez com as atividades paralisadas, não é possível produzir.
Diante desta situação, a direção se nega a negociar a recontratação dos demitidos e dispara que resolvam a questão no Judiciário. Como forma de pressionar a direção, servidores de diversos estados entregaram às suas respectivas unidades uma carta de renúncia dos cargos de chefia, a fim de reverter as demissões dos trabalhadores temporários.
As negociações seguem e espera-se alguma posição sobre a readmissão dos APMs, o que se tornou prioridade para o movimento. Estão programados atos regionais, um no Rio de Janeiro e outro em Pernambuco. Todos os envolvidos no movimento paredista, afirmam não retornarem ao trabalho enquanto ainda houver temporários demitidos e sem perspectiva de reversão desta decisão.
Heloiza Romero, trabalhadora contratada demitida do IBGE