Em assembleia realizada na noite da última sexta-feira (1), os trabalhadores da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA) decidiram que irão recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) da decisão do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (TRT-PB), que decretou abusiva a greve da categoria. Os trabalhadores, que estavam de braços cruzados desde o dia 16 de junho, decidiram pelo fim da greve nesta assembleia, realizada na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (Stiupb) em Campina Grande.
Em clima de muita revolta contra a decisão judicial que penalizou o movimento paredista de quase 50 dias, os trabalhadores renovaram seus votos com o Stiupb de se manterem firmes na luta, depositando suas esperanças numa decisão do TST para que possa ser revertido o julgamento do pleno do TRT da Paraíba e, assim, seja discutido o dissídio coletivo da categoria.
Os trabalhadores exigiam 15% de reajuste salarial e 27% no ticket alimentação, além de mudanças e retorno de cláusulas sociais perdidas nos últimos anos no acordo coletivo da categoria.
Entenda o caso
Os trabalhadores da CAGEPA, em greve desde o dia 16 de junho, tiveram o movimento judicializado pela empresa, que conseguiu uma liminar junto ao TRT-PB, restringindo o direito de greve a 50% do efetivo da empresa como divulgado pela versão impressa do jornal A Verdade do mês de julho.
Em audiência com o pleno do TRT no dia 04 de julho, foi sugerido ao movimento um acordo com a empresa que estabelecia algumas mudanças nas cláusulas sociais, não tendo, porém, nenhum avanço quanto às cláusulas econômicas, onde a empresa manteve a sua proposta de reajuste de 6,54% no salário dos trabalhadores. O movimento rejeitou a proposta e, mesmo com uma greve fragilizada por conta da decisão da Justiça para que se mantivesse o efetivo de 50%, decidiu pela sua continuidade, enfrentando, inclusive, a possibilidade de corte de ponto.
Com a decisão final do pleno do TRT do último dia 30 de julho fica a empresa autorizada a realizar o corte de ponto dos grevistas pela CAGEPA. Para o relator do processo de dissídio de greve, desembargador Dr. Leonardo Trajano, a greve não foi aprovada em assembleia convocada para este fim pelo sindicato. O sindicato, no entanto, contesta e irá recorrer ao TST para mostrar que todo o procedimento legal foi tomado para que não houvesse esse tipo de questionamento jurídico.
“A empresa ainda apresentou uma nova proposta de acordo coletivo no dia seguinte ao julgamento de dissídio, alterando novamente algumas cláusulas sociais, mas, no entanto, só serão discutidas após a garantida do abono dos dias parados; foi o entendimento e a decisão da categoria na assembleia que realizamos na última sexta”, afirmou Wilton Maia, presidente do Stiupb.
Por fim, o presidente do Stiupb afirmou que “a lição a tirar dessa greve é que nunca vamos abaixar nossas cabeças para a direção da empresa. Vamos seguir firmes e fortes, pois só conquista quem luta!”, finalizou.
Emerson Lira