Num clima de muito entusiasmo e muita firmeza revolucionária, realizou-se, em 30 de novembro, em Santo Domingo, o Congresso de Fundação do Movimento de Mulheres Trabalhadoras da República Dominicana, com a participação de 700 mulheres vindas de todas as partes do país, representando grupos organizados de mulheres e sindicatos de classe. O Congresso teve ainda a presença de uma representante do Movimento de Mulheres Olga Benario, do Brasil, e uma representação das mulheres do Saharaui, uma região localizada no deserto do Saara, e que vive há 40 anos ocupada pelo Marrocos e pela Argélia. Várias organizações de mulheres de outros países enviaram saudações escritas.
O processo de construção deste evento teve início há dois anos com a fundação de grupos de mulheres em todo país e sindicatos de empregadas domésticas para lutar contra a opressão machista e a exploração de classe na República Dominicana. A realização do 1º Congresso foi o fechamento deste ciclo.
Referenciando-se em suas mártires: as irmãs Mirabal, assassinadas por se oporem e lutarem contra a ditadura do presidente Trujillo; Mama Tingó, camponesa que foi assassinada por lutar pela terra para os povos; e Mayra Hernández, militante do movimento de mulheres dominicanas e uma das organizadoras do evento, que faleceu neste ano, as mulheres trabalhadoras dominicanas reafirmaram a luta por uma sociedade mais justa e igualitária, exigiram a paridade de 50% entre homens e mulheres em todos os espaços públicos, a legalização do aborto, acesso aos serviços de saúde, direito à terra e moradia digna.
Luz Eneida Mejia, presidente eleita do Movimento de Mulheres Trabalhadoras da República Dominicana, contagiou todas as presentes ao encerrar o Congresso com estas palavras: “Assumamos a igualdade de gênero, a solidariedade, a justiça, a paz, os direitos econômicos, políticos e sociais, o internacionalismo, a diversidade cultural, como valores com os quais iniciaremos nossas demandas políticas e sociais e o relacionamento com as organizações de mulheres e trabalhadoras aqui e no mundo.”
Indira Xavier, Movimento de Mulheres Olga Benario