Alagoas carrega os piores índices sociais do Brasil na área de educação. Dados recentes do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa) mostram esta lamentável situação: os estudantes alagoanos de 15 anos ficaram com o último lugar em Matemática, com 342 pontos; em Leitura, foram 355 pontos; e em Ciências, 346, alcançando uma média de 347,763. A pior colocação entre os estados brasileiros. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad), de 2013, o Estado tem o maior índice de analfabetismo do país, com 21,8% dos habitantes de 15 anos ou mais sem ler nem escrever.
Esta realidade é resultado de sucessivos governos que trabalham apenas para atender os interesses das oligarquias (especialmente os usineiros) que dominam a economia e a política local. Não lhes interessa uma educação pública de qualidade, exatamente pelo fato de serem os filhos dos trabalhadores os que estudam na educação pública. Para eles, o melhor é que os filhos dos trabalhadores continuem sendo mão de obra barata para trabalhar em suas usinas ou pagar penitência no comércio local.
Assim, as escolas estão sempre sucateadas, sem laboratórios nem bibliotecas, sem estímulos ao interesse dos alunos pelo saber, sem incentivo ao esporte, à arte, ao lazer, com escolas apartadas da vida da comunidade onde estão inseridas. Além disso, os professores e funcionários recebem salários baixíssimos e também não se sentem estimulados para exercerem suas funções.
A política do atual governador Teotônio Vilela representa a expressão máxima do descaso com a educação em Alagoas. Basta ver a situação das reformas nas escolas. Qualquer pessoa que observa o resultado das reformas identifica claramente que não foi gasto o que se diz. E, quando o dinheiro público é dilapidado desta forma, além de prejudicar a população trabalhadora do nosso estado, que precisa de um serviço público e de uma educação decente, vai para os famosos caixas dois das milionárias campanhas eleitorais e para o bolso corrupto das empreiteiras.
Não bastasse isso, o governo do PSDB trata de forma vergonhosa os professores aprovados no último concurso da educação. De um total de 2.800, apenas 1.095 foram chamados. Sendo que, segundo a própria Secretaria de Educação e os sindicatos de classe, o déficit no número de professores é de mais 3.500. Hoje, o quadro de professores efetivos nas escolas é inferior a 50%, o que significa que as escolas funcionam tendo em seus quadros uma maioria de monitores, que são professores temporários sem os direitos que um professor efetivo tem, mas com os mesmos deveres. O que isso representa? Uma opção clara de destruir ainda mais a educação pública de Alagoas e adotar um regime de precarização do trabalho nas escolas.
A consequência é que mais de 40 mil alunos, só nos anos de 2011 e 2012, abandonaram as salas de aula. Para cada estudante que não realiza sua matrícula, o Estado deixa de receber R$ 2.285,57 por ano. Agora imaginem, entre 2006 e 2013, 92,8 mil alunos deixaram de se matricular, um prejuízo total R$ 212,1 milhões.
Evidente que a questão não é simplesmente quantificar o prejuízo financeiro, até porque o prejuízo para a vida de todos estes jovens é impagável e não se pode quantificar. A questão é que falta compromisso com o povo.
A primeira coisa que se deve fazer para mudar a realidade da educação pública em Alagoas é não levar em conta os interesses das elites. Neste aspecto, não há possibilidade de mudança qualitativa nas candidaturas postas paras as próximas eleições de Renan Filho (PMDB), Benedito de Lira (PP) e Eduardo Tavares (PSDB). Todos são açúcar do mesmo saco. Vão manter o caos existente. Inclusive, a Secretaria de Educação esteve nas mãos de Benedito de Lira durante o Governo Teotônio Vilela e, até ontem, tanto Benedito de Lira quanto Eduardo Tavares faziam parte da mesma gestão. Renan Filho também não se diferencia em nada. Seu pai, Renan Calheiros, além de usineiro, tem uma trajetória de corrupção em nível nacional.
Portanto, para que as mudanças aconteçam em Alagoas é necessário um grande processo de mobilização popular. O povo precisa exigir nas ruas outra educação e construir alternativas políticas, pois a educação não pode ser tratada como cana de açúcar, triturada no moinho da irresponsabilidade e do descaso das elites.
Magno Francisco, Maceió