Após 11 dias de greve, os operários de todos os turnos e setores da montadora de veículos Volkswagen, localizada na cidade de São Bernardo do Campo no ABC paulista, fizeram os patrões da montadora alemã voltarem atrás em suas pretensões de demitir 800 trabalhadores e impor um regime de terror no interior da fábrica. Os trabalhadores também conquistaram um reajuste salarial que repõe a inflação do período.
Não à toa, os operários foram comunicados da demissão com telegramas entregues em suas casas nas vésperas do ano novo. O objetivo era o de aterrorizar a categoria e barrar a disposição de luta dos mais de 13 mil trabalhadores da fábrica. Trata-se de uma tática muito parecida com a aplicada pela GM em São José dos Campos no início de 2014, quando mais de mil operários foram demitidos.
Após receber uma série de incentivos fiscais por parte do governo federal, sendo a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI o principal deles, e mesmo após receberem uma enorme quantidade de recursos com juros subsidiados pelo BNDES, as montadoras demitem sem dó. Já o dinheiro recebido do governo os capitalistas enviam mesmo para suas matrizes no exterior.
As montadoras de automóveis são o setor econômico que mais pratica a remessa de lucros ao exterior. De 2010 a 2013 essas empresas enviaram U$ 15,4 bilhões às suas sedes nos EUA, Alemanha, França etc. Dessa maneira, todo o incentivo dado pelo governo brasileiro não se reverte em melhorias para a indústria nacional nem em mais direitos para os trabalhadores, mas apenas em mais lucros para os países imperialistas.
A greve da Volks, no entanto, provou que a união e a luta dos trabalhadores são o único caminho seguro para enfrentar a ganância dos patrões. Com unidade, a greve foi capaz de enfrentar a truculência de seguranças armados no interior da fábrica e paralisar 100% da planta.
No momento em que os efeitos da crise internacional não mais podem ser escondidos em nosso país é preciso aprender com o exemplo dos operários da Volks para as lutas que virão.
Dilma Rousseff e sua equipe econômica escolhida pelo mercado parecem estar convencidos a aplicar o ajuste fiscal que levará o país a um período de recessão, enquanto são mantidos os privilégios dos banqueiros e dos monopólios. É a luta organizada do povo e da classe trabalhadora que pode criar uma alternativa real a esse arrocho.
Jorge Batista, São Paulo