O segundo ato contra o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrôs da região metropolitana de São Paulo começou quente na sexta-feira, 16. O movimento contou com a sorte e mais uma vez a chuva não deu as caras, como é comum em um final de tarde de janeiro no centro de São Paulo. Mas o calor vinha mesmo da indignação das mais de 20 mil pessoas contra a repressão promovida pela PM no primeiro ato.
Muitas centenas de policiais com armas ostensivas, viaturas, motos e um helicóptero garantiam que o clima de tensão permanecesse elevado. No cruzamento da Avenida Paulista com a Consolação a assembleia popular que precede o ato teve início, com a votação sobre o trajeto que a manifestação devia percorrer.
Em comparação com as mobilizações de junho de 2013, é visível o avanço organizativo e político do movimento atual, ainda que permaneçam vários limites. O debate político sobre o trajeto que tem começo, meio e fim; a organização das correntes e grupos partidários em colunas; e a segurança da faixa dianteira com um cordão de militantes são exemplos das lições aprendidas pelo movimento com tudo que ocorreu em junho.
No debate sobre o trajeto foram defendidas cinco propostas diferentes. Venceu, contra a vontade dos dirigentes do MPL, a proposta de marchar à prefeitura e depois até a secretária de transporte para cobrar do prefeito Hadad e do governador Alckmin a revogação do aumento da tarifa.
O repúdio às tentativas do prefeito de desmobilizar o movimento também esteve marcado. Na noite anterior, Hadad se reuniu com representantes da direção majoritária da UNE e de outras entidades estudantis para “negociar” pontos do passe-livre estudantil. A assembleia respondeu unânime que o objetivo da luta é revogar o aumento e conquistar a a tarifa zero no transporte.
Na descida da Consolação foi possível ver toda a força e organização do movimento que fazia uma marcha bonita, numerosa e politizada. Várias casas demonstravam apoio à marcha com cartazes e acenos aos manifestantes.
No cruzamento da Consolação com a Dona Antônia a polícia fez a primeira provocação. Bombas de gás e pimenta foram jogadas bem no meio da marcha com o objetivo de dividir e dispersar parte dos manifestantes. Não conseguiram. No final da praça Roosevelt a marcha estava ainda maior, com novas adesões das pessoas que saiam do trabalho.
Em frente à prefeitura, a polícia fez formação praticamente cercando a marcha. Um ato político foi realizado com projeções na fachada da prefeitura, jograis e palavras-de-ordem. A denúncia da violência da PM teve grande destaque.
Quando a marcha se preparava para seguir até a secretaria de transporte, a PM usou de artilharia pesada. Muitas bombas de gás, de efeito moral e balas de borracha tornaram a dispersão inevitável. A PM desatou a repressão levando à detenção pelo menos 8 pessoas.
A luta contra o aumento da tarifa em 2015 mostra ter tanta vitalidade e adesão quanto a de 2013. Mais uma vez, a repressão policial não parece intimidar quem sai às ruas contra a máfia dos transportes. A consequência de tentar calar a mobilização popular é, como sempre, imprevista.
O terceiro ato contra o aumento será na próxima terça-feira, 20, às 17 horas, com concentração próximo ao metrô Tatuapé, na Zona Leste.
Da Redação.