A crise da economia capitalista mundial, que atingiu inicialmente os EUA, em 2008, e, nos anos seguintes, a Europa, perdurando até hoje, vem se aprofundando e se estendendo para outras partes do planeta, causando grande sofrimento para os trabalhadores de todos os países. Nosso país, espoliado há séculos pelos países imperialistas, e com sua economia dominada por grandes monopólios nacionais e internacionais, também vem sendo duramente atingido, como provam os contínuos aumentos nos preços dos alimentos, das passagens e a consequente diminuição do poder de compra dos trabalhadores.
Para enfrentar essa crise, a presidenta Dilma Rousseff adota no seu segundo mandato a mesma política conservadora e contrária aos interesses dos trabalhadores implementada mundo afora, a chamada política de austeridade, que é, na prática, o corte dos investimentos nas áreas sociais e a redução de vários direitos trabalhistas.
Para aplicar essa política e fazer prevalecer os interesses do mercado, ou seja, dos ricos, a presidenta nomeou um representante do capital financeiro, em particular do Bradesco, Joaquim Levy, para o Ministério da Fazenda; além de manter Alexandre Tombini, no Banco Central.
Mas não para por aí. A maior parte dos demais ministérios também foi entregue a representantes da grande burguesia. Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio foi nomeado o usineiro Armando Monteiro (PTB); para o Ministério da Agricultura, a latifundiária Kátia Abreu (PMDB); para o Ministério das Cidades, o reacionário Gilberto Kassab (PSD), além de um fiel representante da oligarquia cearense, Cid Gomes (Pros), no Ministério da Educação.
Assim, em vez de cumprir com as promessas de campanha, o que vemos é o governo ser entregue a representantes de partidos que sempre governaram contra o povo. Esta capitulação ao mercado se concretiza já nas primeiras medidas do novo governo com a restrição do acesso ao seguro desemprego e às pensões; o aumento dos juros para financiamento da casa própria; além do corte de verbas da Educação e um novo aumento da gasolina.
Estas decisões deixam claro que, passadas as eleições, a presidenta e seu partido, o PT, optaram, mais uma vez, por se render ao mercado, afastando-se, assim, dos interesses populares como a reforma agrária, a reforma urbana, a taxação das grandes fortunas, a suspensão dos pagamentos dos juros da dívida, uma ampla reforma política e a punição aos torturadores da Ditadura Militar. É exatamente esta incoerência e abandono dos princípios que faz crescer a rejeição do PT junto às massas e que abre espaço para a extrema-direita enganar parcelas da população.
Essa concepção de governo em favor das elites fica clara também na destinação de enormes recursos para pagamento de juros aos banqueiros e especuladores nacionais e internacionais. Nosso país continua refém de uma dívida pública que consome mais de R$ 3 bilhões por dia, (por ano, chega a 42% do orçamento federal) somente com pagamento de juros e amortizações. Porém, a dívida, ao invés de diminuir, só cresce. Segundo dados da Auditoria Cidadã, a dívida externa brasileira supera R$ 549 bilhões e a dívida interna federal passa de R$ 3 trilhões.
Junte-se tudo isso aos gravíssimos escândalos de corrupção no interior da Petrobras e à impunidade dos donos das grandes empreiteiras que roubaram a nação e o povo, além da política de favorecimento ao agronegócio.
Está claro, portanto, que o atual governo não atenderá nenhuma das reivindicações populares se não houver grandes mobilizações de massas. Por isso, precisamos cumprir nosso papel e arrancar o que é nosso, doa a quem doer.
Nesta luta devemos trabalhar pela união de toda a classe trabalhadora e dos movimentos sociais que lutam pelos interesses do povo, contra a grande burguesia e a direita. Ampliar esta união hoje é fundamental para derrotarmos os fascistas de plantão e fortalecermos a construção do socialismo. Frente a essa ofensiva dos ricos, os trabalhadores e o povo, que já vêm desenvolvendo e aumentando suas lutas, devem crescer seu grau de organização.
A Unidade Popular pelo Socialismo (UP) propõe, assim, a unidade de todas as forças populares pela defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores, pela taxação das grandes fortunas, pela suspensão imediata dos pagamentos da famigerada dívida pública, pela reforma agrária, pelo controle dos preços dos alimentos, da água e da luz e um controle rigoroso das remessas de lucros para o exterior.
Lutamos para estabelecer um novo poder político dos trabalhadores e construir uma pátria nova e socialista.
Convocamos a todos que têm identidade com essas ideias e desejam se somar a essa construção para integrarem o quanto antes nossas fileiras. O exército dos trabalhadores e do povo precisa de você!
Pelo Poder Popular e o Socialismo!
Comissão Nacional Provisória da UP