Na manhã ontem (11/03), o MST bloqueou a BR-040 (Rodovia Washington Luiz) que liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte. O ato em defesa da agricultura camponesa faz parte da Jornada Nacional de Luta pela Agricultura Familiar, com atos e bloqueios de estradas por todo o país. Mais uma vez o movimento social do campo foi às ruas do Brasil para colocar a pauta da Reforma Agrária e da defesa dos direitos do trabalhador do campo.
A manifestação também contou com o apoio de outros movimentos, como MAB, MPA, MLB e AERJ.
Segundo Cosme, uma das lideranças do MST na Baixada Fluminense, o ato “veio no sentido de dizer para a sociedade que as mudanças necessárias no país só vão acontecer se a classe trabalhadora se colocar nas ruas e defender qual é a nossa verdadeira pauta, qual é a pauta dos trabalhadores. A pauta da classe trabalhadora passa por Reforma Agrária, moradia, uma educação melhor e uma Petrobrás do povo brasileiro”.
Reforma Agrária no papel
No Brasil, os latifúndios, que equivalem a cerca de 130 mil propriedades rurais, ocupam mais de 47% da área agricultável registrada pelo INCRA. Dessas, 66 mil propriedades, ou seja, mais da metade, são improdutivas. Em contrapartida, 3,75 milhões de pequenas propriedades (os chamados minifúndios) ocupam apenas 10,2% da área registrada.
Segundo o Governo Federal, mais de 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira vêm da agricultura familiar; em compensação, o governo prioriza o investimento no agronegócio e nos latifúndios. Para piorar, a Reforma Agrária, pauta antiga do movimento do campo, ainda continua no papel, mesmo tendo sua realização prevista na Constituição.
Com o aumento da concentração de terra e a não realização da Reforma Agrária, se torna mais difícil para os pequenos agricultores trabalharem e produzir. Consequentemente, começa a faltar trabalho no campo e muitos migram para as grandes cidades ou se submetem ao agronegócio que explora a mão de obra camponesa a com baixos salários e condições precárias de trabalho.
Com isso, a Jornada Nacional organizada pelo MST coloca mais uma vez na ordem do dia a necessidade da Reforma Agrária e também a ampliação dos direitos do trabalhador do campo. Essa deve ser de todo o movimento social, dos trabalhadores da cidade, do campo e da juventude.
Felipe Annunziata e Juliete Pantoja, Rio de Janeiro