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domingo, 22 de dezembro de 2024

Quem saiu ganhando com a marcha do dia 13 de março?

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Manifestação na Paulista, Foto: Mídia Ninja
Manifestação na Paulista, Foto: Mídia Ninja

Ao contrário do que muitos podiam pensar, a marcha da sexta-feira, dia 13 de março, convocada principalmente pela Central Única dos Trabalhadores – CUT, teve grande adesão popular em muitas das principais cidades do país. A mobilização teve como pautas principais a defesa da Petrobrás como empresa 100% pública e livre da corrupção, a exigência da retirada das medidas provisórias 664 e 665 decretadas pelo governo federal e o combate às pretensões anti-democráticas da extrema direita.

Em São Paulo, na Avenida Paullista, ocorreu a manifestação mais numerosa. Ao fim do ato, a CUT publicou em seu site oficial: “100 mil pessoas exigem mudanças na política econômica, mas sem golpe à democracia. CUT e movimentos criticam visão do governo sobre economia e defendem direitos dos trabalhadores”. 

Durante a semana, muitas idas e vindas marcaram a convocação desta marcha. Porta-vozes e representantes do governo Dilma pediam calma e propunham o cancelamento do ato. Alguns setores da esquerda se negaram a participar, colocando nos milhares de manifestantes a pecha de governistas e lançando a palavra de ordem de não sair às ruas nem no dia 13 nem no dia 15.

Ao final, a manifestação provou a disposição de luta da classe trabalhadora brasileira, seja para lutar contra o ajuste que beneficia aos ricos, promovido pelo governo federal, ou seja para enfrentar uma extrema direita que quer privatizar toda a Petrobras e chegar ao governo contra a vontade popular, acabando até mesmo com as menores políticas sociais que vem sendo implementadas.

É de grande importância a realização de uma marcha popular às vésperas de uma manifestação convocada por partidos e organizações de direita, financiada por capitalistas donos de grandes corporações (a exemplo de Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev) e promovida por quase todos os veículos da mídia monopolista, como a que está marcada para o próximo domingo, 15 de março.

É importante primeiro por tirar da extrema direita a imagem de ser a principal redentora dos problemas do país. Frente aos fatos da realidade, a grande maioria do povo brasileiro já percebeu que as medidas do governo em economia e política estão no fundamental equivocadas. O povo na rua com pautas clara de luta  e com críticas ao ajuste econômico neoliberal dá autoridade às organizações populares para defender um programa de esquerda como saída para a crise.

Por outro lado, é importante também por desmascarar o real caráter da manifestação do dia 15. Há a tentativa de realizar uma forte manipulação midiática para atrair setores da classe trabalhadora a marchar juntos com a direita. Essa manipulação, travestida de discurso contra a corrupção, é de triste memória na história do Brasil mas também pode ser observada em eventos mais recentes em outros países como o “Maidan” na Ucrânia, os sucessivos golpes militares no Egito e na guerra civil instalada na Líbia.

Não é possível barrar o ajuste econômico que beneficia aos ricos e barrar o avanço da extrema direita sem uma grande unidade popular. A unidade popular é necessária, imprescindível, e foi ela quem ganhou com a marcha do dia 13. É uma unidade que se dá na luta concreta da classe trabalhadora em defesa de seus interesses concretos. Na realização dessa luta, marchar juntamente com organizações do movimento social que declaram apoio ao governo não é a mesma coisa que marchar com o governo. Marchando juntos, devemos levantar bem alto nossas bandeiras do socialismo, do poder popular e da revolução social como únicas saídas seguras para vencer a crise atual.

Chegou o momento de desenvolver essa unidade popular ainda mais nas lutas que virão. É preciso dar total apoio à greve dos garis do Rio de Janeiro, dos professores de São Paulo e à possível greve dos trabalhadores da Sabesp, além de estimular que em suas pautas sejam incluídos temas de luta econômica contra as medidas do governo, como a revogação das MP´s 664 e 665. Também é preciso organizar um grande dia nacional de luta pela educação no dia 26 de março, com atividades em todas as escolas e universidades contra o corte de verbas de R$ 14 bilhões nas verbas da educação além de participar ativamente das mobilizações dos Servidores Públicos Federais que estão em campanha salarial unificada.

Jorge Batista, São Paulo

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