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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Dois Dias, Uma Noite: a crise capitalista na tela dos cinemas

maxresdefault“Dois Dias, Uma Noite”, o mais recente filme dos irmãos Dardenne, traz uma abordagem sobre a devastação que o capitalismo provoca nos seres humanos. Sandra, uma jovem mãe e trabalhadora de uma fábrica de painéis solares, recebe uma grave notícia, seria demitida. A informação chega a ela da seguinte forma: seus 16 colegas de setor deveriam votar entre manter seu emprego, ou que ela fosse demitida, enquanto eles receberiam um bônus salarial e alargasse a jornada de trabalho.  Ao perceber que a produção se daria da mesma forma com menos uma pessoa trabalhando, a empresa joga a responsabilidade da demissão aos colegas de Sandra, tentando os persuadir com o bônus.

Afastada do emprego e em fase de recuperação de uma depressão, Sandra passa um final de semana – os dois dias e uma noite do título – a procura destes 16 colegas de trabalho para apelar pelo voto a favor da manutenção de seu emprego. Além da história de Sandra e a forma com que ela é descarta pela empresa por ter adoecido, histórias paralelas de seus colegas retratam também as mazelas que o capitalismo inseri na vida dos trabalhadores, e que são os estímulos para que escolham o bônus e por consequência a demissão de Sandra.

Imigrantes com contratos temporário, arrimos de grandes famílias, contas atrasadas, desempregos de familiares e até o mesmo o individualismo compõem as justificativas que Sandra recebe. Dos obstáculos que ela enfrenta entre os “sim” e “não” de sua peregrinação, estão as crises de depressão, as oscilações de estado emocional, a sensação de impotência, o medo, a solidão. Para lidar com isso, ela consome uma quantidade elevada de antidepressivos, em uma expressão de quase dependência química.

Discutir também as doenças causadas por um sistema que escraviza, coloca um contra o outro como gladiadores e que adoece, física e psicologicamente as pessoas também pode ser visto como uma das pautas levantadas pelo filme.

O filme também pode ser interpretado como uma análise individual e social de como a crise europeia e mundial de desemprego afetou as relações entre os indivíduos, seus espaços na sociedade, a relação com a empresa e os colegas de trabalho.

Ana Rosa Carrara e Luciana Mendonça, jornalistas do Movimento Luta de classes

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