Quem tentou voltar para a casa no fim da tarde desta quinta-feira (16/4), encontrou o caos nas linha 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, que operavam com velocidade reduzida e maior tempo de parada, por conta de uma falha de tração no trem K24 que estava na estação Brás da Linha Vermelha. A falha ocorreu por volta das 17h30 e a circulação foi normalizada por volta das 20h, mas neste horário ainda havia muitos passageiros nas plataformas.
Atualmente operando a Linha Vermelha, a Frota K do Metrô de São Paulo é apelidada pelos metroviários de “frota bomba”. Composta por uma série de trens elétricos fabricados entre 1979 e 1986, as composições estão sendo reformadas pelo consórcio MTTrens, integrado por MPE, Temoinsa e TTrans.
A TTrans, líder do pool empresarial, é uma das companhias envolvidas nas denúncias de formação de cartel para burlar a concorrência em licitações para reforma de trens e ampliação da malha metroferroviária paulista, além de ser acusada de economia no que diz respeito a troca de peças.
Os relatos de problemas com esta frota são vários. Há composições que chegam a apresentar até 35 problemas técnicos em um único dia de operação: princípios de incêndio, queda de peças, portas que se abrem do lado oposto ao da plataforma, todas essas são denúncias apresentadas em dois dossiês encaminhados ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério Público de São Paulo (MP), e que foram arquivados.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, no dia 9 de dezembro de 2014 o trem K05 teve problema de tração e precisou ser rebocado, e mesmo no reboque teve problema, aplicando freio sozinho e impedindo o movimento do comboio. Entre os dias 19 e 21/12, o trem K05 novamente prejudicou a operação comercial, tendo incendiado em dois dias.
No dia 2 de outubro de 2013, a composição K07 que já havia descarrilado nas proximidades da estação Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3 Vermelha, em agosto, sofreu nova grave pane, que colocou a vida de usuários em risco. Por volta das 18h30, na estação Santa Cecília, também na Linha 3 Vermelha, o trem abriu sozinho todas as suas portas, em todos os vagões, de ambos os lados – inclusive do lado oposto da plataforma, onde se encontra o trilho energizado. Segundo relatos de funcionários, bastava que os vagões estivessem lotados, como costuma ocorrer, e as pessoas certamente cairiam à via, sujeitando-se a choques elétricos, lesões e atropelamentos. Neste mês, a frota K bateu o recorde de falhas, foram 300 registradas.
No incidente de quinta-feira, metroviários explicaram que, caso o rompimento de engate ocorresse no túnel, na curva e em velocidade, como por exemplo entre as estações Marechal Deodoro e Barra Funda, fatalmente haveria um descarrilamento. Imaginem o tamanho da tragédia em horário de pico?
A imprensa e o Ministério Público seguem encobrindo as negligências cometidas por Geraldo Alckmin contra a população de São Paulo, mas não devemos deixar de denunciar tais mazelas que podem impactar gravemente a milhões de trabalhadoras e trabalhadores que diariamente utilizam o sistema metroviário para se deslocar pela cidade.
Mesmo com tantas denúncias de ocorrências com essa frota, fala-se que devido aos atrasos da Bombardier para entregar os trens da Frota J, é possível que o Consórcio MTTrans (que reformou a frota C, atual Frota K) assuma a reforma dos demais trens para completar a frota J. Ou seja, se isso ocorrer, mais problemas estão previstos e mais vidas serão postas em risco. Todos nós merecemos um transporte público, gratuito, de qualidade e, acima de tudo, seguro.
Luciana Mendonça, São Paulo
A matéria é, no mínimo,
tendenciosa. Tenta fazer crer que o metrô de São Paulo é só problemas. Não é
verdade. Problemas pontuais realmente acontecem, no entanto, a qualidade e
manutenção do metrô é uma das melhores do mundo. A falta de outros modais de
transporte fazem que o metrô seja superutilizado, justamente pela sua
qualidade. Por isso, em horários de pico fica realmente lotado. Só o metrô não
dá conta. Falta a Prefeitura de SP fazer sua parte em melhorar a qualidade dos
ônibus, construir os corredores prometidos e gerar emprego na periferia. Só
assim o transporte e o trânsito poderão melhorar na cidade.