O brigadista

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DSC_0556 (1)Militante da UJR, Matheus Portela tem se destacado no trabalho com o jornal A Verdade no Rio Grande do Sul. Com muita disposição, vende mais de 100 jornais por mês, principalmente em brigadas individuais dentro dos ônibus da Capital gaúcha. A seguir, a entrevista de Matheus contando como realiza essas ações e o que pensa do nosso jornal.

A Verdade – Como são as brigadas do jornal nos ônibus?

Matheus Portela – É simples. Eu tenho uma cota mensal a ser vendida e, ao mesmo tempo, passo cerca de duas horas diárias dentro de um ônibus, devido às más condições do transporte público na cidade. O que eu faço é deixar o ônibus um pouco mais animado. Vendo e divulgo o jornal, e ele custa apenas dois reais.

A ideia das brigadas nos ônibus eu aprendi com os camaradas da União Juventude Rebelião do Ceará; apenas a adaptei ao Rio Grande do Sul. A tática de venda varia para cada tipo de ônibus. Quando ele não está lotado por completo, ou seja, quando as pessoas não estão totalmente apertadas, por exemplo, eu distribuo o jornal para cada pessoa, destaco um jornal para mim, vou para frente da roleta e começo a apresentar o jornal, mostrando-o a todos.

 “Olá, pessoal, meu nome é Matheus, sou estudante de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e estou aqui para fazer a venda e a divulgação de um jornal popular, um jornal alternativo. Enquanto o Zero Hora e o Correio do Povo mentem para a população, eu venho aqui para falar dos problemas de vocês que estão neste ônibus, a verdade da classe trabalhadora”. Muitas vezes “brinco sério”, que o jornal A Verdade vem pra falar dos problemas da população e não de quanto sobe ou desce a Bolsa de Valores.

Não existe uma regra ou um script pronto. Tento prestar atenção e sentir seus olhares; só assim saberei o que está lhes chamando mais atenção.

Minha maior venda até agora foi uma apresentação de cerca de cinco minutos. Aplaudiram e até mesmo participaram do debate: acenando com a cabeça, gritando “viva a imprensa alternativa” e resmungando frente aos roubos da Copa. Nessa brincadeira, foram 26 jornais, e infelizmente não vendi mais porque acabou.

 Por que é importante a venda do jornal?

Acho que a pergunta que devíamos nos fazer é por que não achamos importante vender o jornal ou por que não nos esforçamos para vendê-lo mais. O jornal é uma das principais tarefas para a revolução, pois com ele podemos trazer uma nova opinião aos trabalhadores. Foi por causa dele que me afirmei ideologicamente. E é por causa dele, também, que sigo na luta pelo socialismo.

Quando chega o jornal na minha cidade, a primeira coisa que faço é lê-lo por inteiro e, quando não consigo, faço no ônibus e sempre vou conversando com quem vendi o jornal. Todos sempre gostam muito e hoje tenho até clientela. Pena que são poucos jornais ou poucas pessoas para vendê-lo.

Durante nossa militância nos deparamos com contatos que não dispõem de tempo devido às inúmeras atividades, e assim nós reclamamos: “Não pudemos conversar, ele estava sem tempo”. Porém, se não conseguimos ter uma conversa séria sobre o futuro da sociedade e da nossa vida, deixemos que o jornal converse com ele.

Após a leitura do jornal eu me sinto eufórico, pois amo rir e chorar com as esperanças que aqueles que escrevem me dão. Essa euforia também se transforma em vontade de fazer com que outras pessoas sintam o mesmo que eu. Não consigo acreditar que alguém não queira mostrar o nosso jornal a outra pessoa – ele é excelente. Só consigo achar que ele (a) não o leu. Ainda mais, que todos os dias alguém me conta que leu todo o jornal e até mostrou à sua família.

Qual a sua mensagem para os leitores e brigadistas de A Verdade?

Gostaria de agradecer a todos pela paciência e pedir desculpas pelas vezes que eu possivelmente os acordei no ônibus. Queria também pedir a compreensão, pois faço isso unicamente por amor. Como dizia Che Guevara, “O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor”.

Também quero convidá-los a divulgar esta imprensa popular e, principalmente, para mandarem matérias ao jornal, pois sem o trabalho de vocês não posso fazer o meu. Não existe matéria ruim ou de pouca qualidade teórica. Existem apenas as matérias escritas e as não escritas; então ajude! Este jornal também é seu; cabe a você cuidar dele, valorize o enorme esforço dos trabalhadores do jornal, que se esforçam voluntariamente para que esta impressão saia em nível nacional. Ajude com que esse jornal passe a ser quinzenal. Só assim, trilharemos uma nova agitação e propaganda revolucionária, que poderá modificar a concepção das massas mais atrasadas, e assim derrubaremos o capitalismo e forjaremos uma nova sociedade igualitária. A sociedade socialista.

Redação Porto Alegre