UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Eleições na Turquia: Edorgan perdeu!

Campaigning continues ahead of Turkish general electionsAs eleições celebradas na Turquia no último dia 7 de junho, trazem importantes e potenciais consequências políticas para esse país. O partido da Justiça e Desenvolvimento – AKP, do atual presidente Edorgan, segue sendo o primeiro partido, com 40,7% dos votos, alcançando 258 assentos na Assembleia, mas não conseguiu alcançar uma maioria absoluta. O partido social-democrata CHP manteve seus 25% e alcançou 132 assentos. O MHP, partido de corte fascista, obteve 16,5% dos votos e 80 assentos, enquanto o Partido Democrático dos Povos – HDP, uma aliança de forças de esquerda e democráticas da qual é membro o EMEP, obteve 13,1% dos votos, alcançando 80 deputados, de um total de 550 da Assembleia Nacional. A cláusula de barreira de 10%, introduzida depois do golpe fascista de 12 de setembro de 1980, dirigida para evitar que os representantes do povo curdo e dos trabalhadores entrassem no parlamento, foi derrotado nessas eleições.

Nas últimas eleições de 2011, os candidatos da aliança de esquerda tiveram que participar como candidatos independentes para superar a cláusula de barreira, alcançaram 6,5% dos votos e 35 lugares no parlamento. Quatro anos mais tarde, este obstáculo que os partidos burgueses construíram foi demolido.

Mas além de ultrapassar a clásula, foi destruído também o sonho do presidente Tyyip Erdoğan, líder do AKP, de estabelecer uma ditadura no Oriente Médio através de mudanças na constituição para o estabeleciemento de um sistema presidencialista.

Ainda devemos seguir avaliando os resultados desta ‘demolição da clásula’, os impactos destes resultados no discurso político no país e que tipo de governo surgirá nos próximos dias.

No entanto, podemos fazer as seguintes observações:

  • É evidente que um número considerável de pessoas, pela primeira vez, votaram no HDP. Uma parte grande da sociedade reconheceu que votar no HDP é a única maneira de deter o AKP. Isto demonstra que a cosciência política dos povos é mais avançado que o dos partidos e círculos fora da classee. Isto é importante : indicar uma possibilidade de reestruturação política no país.
  • O país disse não ao presidencialismo, ao caudilhismo de Erdoğan como se fosse seu partido pessoal, à grandeza do palácio, ao suborno e a corrupção, à arrogancia, à governança arbitrária, à exploração religiosa sectária, às intenções de silenciar os meios de comunicação e ao comportamento ditatorial mostrado por Erdoğan.
  • Este resultado indica as possibilidades de uma Turqui laica e democráticca, as soluções da questão curda e alaita e a ampliação do alcance das liberdades ; assim como a demonstração da determinação dos povos de lutar contra as aspirações políticas na linha da ‘Irmandade Mulçumana’ que se orienta a construção de uma educação baseada nas regras religiosas, a criação de uma juventude religiosa e a reconstrução conservadora da sociedade.
  • Este resultado, além de ser um rotundo ‘não’ às políticas do AKP no Oriente Médio, é também uma derrota para as organizações islamitas e para os círculos que recebem apoio ideológico, diplomático (e financeiro) do governo do AKP. Pelo contrário, o resultado foi fonte de elevação moral e de motivação para todos que lutam por um Oriente Médio laico e democrático, contra as forças da Sharia e do terrorismo religioso na região.
  • Tendo em conta a dificuldade da aparição de um governo de coalizão desde o Parlamento é pouco provável, as discussões sobre ‘eleições antecipadas’ em um curto espaço de tempo parecem inevitáveis. As eleições de 17 de junho puseram fim a era do AKP. Ainda que seja possível firmar coalizões com outros partidos ou estabelecer um governo em minoría, o período de poder que poderia ser nomeado como ‘época Erdoğan’ ou ‘era AKP’ já não será mais.
  • Edorgan tera que se conformar com o sistema presidencial que existe atualmente, ou a Presidência se converterá, rapidamente, em um problema do regime, do sistema que necessita ser ‘resolvido’.

A Turquia não é um país cor-de-rosa para os que ganharam a eleição. O AKP e Erdoğan, inclusive se não estão no governo, tentarão com todas as forças continuar exercendo seu poder através da Presidência e de seus quadros no Estado. O declive do governo do AKP não significa que a parte mais difícil foi superada.

O resume das eleições de 7 de junho é que foi a eleição em que Erdoğan e o AKP perderam e os povos ganharam.

Emek Partisi (EMEP) / Partido do Trabalho

Outros Artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes