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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Homenagem ao comunista Fidel Castro no seu 89º aniversário

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Foto 01Fidel Castro nasceu em 13 de agosto de 1926. É um dos sete filhos do segundo casamento de Ángel Castro y Argiz (um bem sucedido produtor de cana-de-açúcar em BiránProvíncia do Oriente), casado em segundas núpcias com Lina Ruz González, mãe de Fidel. Ingressou na Universidade em 1945 para estudar direito onde teve seu primeiro contato com a política, participando ativamente do movimento estudantil.

Fidel torna-se anti-imperialista e opõe-se à intervenção dos Estados Unidos no Caribe e em 1947 ingressa no Partido Socialista do Povo Cubano. Concluídos os seus estudos universitários, dedicou-se à defesa de políticos de oposição e trabalhadores perseguidos pelo governo. Empenha-se na defesa de sindicatos, denuncia a corrupção e passa a atuar na imprensa (rádios e jornais) da oposição.

Em março de 1952 Fulgêncio Batista promoveu um golpe militar (com o reconhecimento diplomático e apoio militar dos Estados Unidos), passando a governar a Ilha como um ditador autoritário: prende seus opositores, restringe liberdades e garantias individuais, promove um rigoroso controle sobre a imprensa e passa a reprimir a difusão de ideias oposicionistas na universidade e no congresso. Ao passo que endurece o regime, cresce a fortuna de Batista e de seus aliados. O golpe encontra Fidel trabalhando no diário La Palabra de onde se pronuncia duramente contra o movimento golpista. Daí em diante, Castro imprime e distribui clandestinamente sua denúncia e ingressa no jornal clandestino Son los Mismos como co-editor, de onde não dá trégua ao regime ditatorial.

Em 1953 o movimento estudantil promovia manifestações contra o governo enquanto o jovem advogado Fidel Castro elabora um plano: ocupar quartéis importantes, invadir o paiol de armas, distribuir munições e fuzis entre os rebeldes, impedir que o governo envie reforços para reprimir manifestações populares e unir os protestos ao movimento revolucionário para dar início a uma insurreição que culminaria com a derrubada da ditadura militar. Em torno do mesmo forma-se um núcleo de jovens que aos 26 de Julho de 1953 ocupa o Palácio da Justiça, o hospital militar e tenta tomar o Quartel de Moncada, dando início ao movimento que sairá vitorioso em 1956.

As coisas não se passam como o planejado… 

Um grupo liderado por Raul Castro ocupou o Palácio da Justiça, outro grupo liderado por Abel Santamaria ocupou o hospital militar. Mas Fidel Castro, disfarçado de comandante militar, foi detido pelos soldados ao se aproximar do Quartel General de Moncada. Houve intenso tiroteio e a invasão ao paiol das armas foi frustrada. Muitos combatentes foram capturados e assassinados. O mesmo foi  preso e vai a julgamento, pronunciando brilhantemente sua própria defesa, reivindicando o direito dos povos de lutarem contra a tirania. Seu pronunciamento ficou conhecido e foi publicado sob o título A História me Absolverá, e foi impresso e distribuído clandestinamente em Cuba.

“Apesar do desastre que foi o assalto ao quartel Moncada, aqueles acontecimentos deram uma projeção nacional a Fidel. As pessoas admiravam aqueles jovens pela coragem que tiveram de enfrentar a tirania e lutar pelo melhor para o seu país. Fidel se tornou uma figura nacional onde as pessoas depositaram sua esperança de derrotar o Exército”, explica o Consul de Cuba no Brasil Raul González.

Desenvolve-se uma forte campanha popular que resulta na anistia em 1955 e os combatentes de Moncada se exilam no México, onde reorganizam o movimento chamado de 26 de julho para retornarem clandestinamente a Cuba (a bordo do iate “Granma”) em 2 de dezembro de 1956, triunfando em 1º de janeiro de 1959.

As conquistas da Revolução e do Socialismo

Em 1961 é declarado o caráter socialista da Revolução Cubana resultando em importantes conquistas: erradicação do analfabetismo em 1961; 85% das famílias são donas de suas próprias casas e os 15% restante pagam 1 ou 2 dólares mensais (sob a forma de amortização, pois ao final do pagamento do custo de moradia se converte em seu proprietário); a taxa de mortalidade infantil para crianças abaixo de cinco anos de idade foi para sete a cada mil nascidos, índice superado na América apenas pelo Canadá, onde o índice correspondia a seis crianças a cada mil nascidos (2005);  e foi o único país a cumprir os objetivos do programa Educação Para Todos (EPT) estabelecido em 2000 pela Unesco (órgão da ONU para educação e cultura), com seis metas globais a serem alcançadas até 2015, além de ter sido o primeiro país a erradicar a transmissão de HIV entre mãe e filho (2015).

Saúde: um capítulo especial…

As conquistas da Revolução Socialista Cubana destacam-se especialmente na saúde: em 2006, segundo a Organização Mundial de Saúde, não ocorreu em Cuba nenhum caso de difteriasarampo, coqueluchepoliomieliterubéola, tétano neonatal ou febre amarela, até aquele ano não havia caxumba em Cuba e houve apenas três casos de tétano comum (não relacionados a partos). Segundo dados da UNICEF, desde 1980 a vacinação da população cubana atinge índices bastante elevados: em 2006, 99% da população tomou a vacina BCG, 99% haviam tomado a primeira dose da vacina tríplice DTP1 (difteriatétano e coqueluche), 89% tomaram sua terceira dose; 99% da população cubana havia tomado a terceira dose da vacina contra poliomielite, 96% tomou a vacina contra sarampo e 89% contra a hepatite B. Estes resultados colocam Cuba entre os países de primeiro mundo na prestação de serviços de saúde.

CIA planejou matar Fidel

Fidel sobreviveu a diversas tentativas de assassinato que vão desde emboscadas com carros até ataques com granadas em estádios de beisebol. Segundo um ex-chefe da inteligência cubana o general reformado Fabian Escalante (autor de um livro que documenta 167 tramas para matar Castro). Segundo Escalante, os planos da CIA para envenenar Castro com toxinas, no começo dos anos 1960, chegaram perto de dar certo. Em 1963 mafiosos norte-americanos a serviço da CIA deveriam colocar uma pílula dentro da bebida de Fidel, conforme revelou o general reformado em uma entrevista à Reuters em março de 2012. Na ocasião a agência reconheceu pela primeira vez que a trama para assassinar Fidel foi pessoalmente aprovada pelo diretor da CIA na época do presidente John Kennedy, Allen Dulles.

As “profecias” de Fidel

Em 1973 Brian Davis, jornalista de uma agência de notícias britânica, perguntou a Fidel: “Quando você acredita que serão restabelecidas relações entre Cuba e Estados Unidos, dois países tão distantes, embora próximos geograficamente?”. Ao que Fidel responde “Os Estados Unidos só voltarão a dialogar conosco quando tiverem um presidente negro e quando houver no mundo um Papa latino-americano”. Era a época da Guerra Fria e do governo de Richard Nixon (segundo mandato). No dia 20 de julho de 2015, 42 anos após a entrevista, foi içada a bandeira cubana em frente a um edifício localizado a três quilômetros da Casa Branca. Na placa se lê: “Embaixada de Cuba”. Enquanto isso, na casa Branca, a cadeira presidencial é ocupada pelo primeiro presidente negro a governar o país: Barack Obama; e, no Vaticano, o Papa Argentino comemora o feito que ajudou a construir pessoalmente.

Outro caso emblemático e “profético” de Fidel é o da libertação dos Cinco Heróis. Os cinco foram presos em Miami em setembro de 1998. Indiciados pelo governo dos Estados Unidos por 26 crimes e passaram 17 meses em solitária. A missão deles nos EUA consistia em prevenir ataques de terroristas anti-cubanos sediados em Miami contra hotéis e plantações de Cuba. As condenações foram muito pesadas: Hernández a duas prisões perpétuas; Guerrero e Labañino uma prisão perpétua; Fernando Gonzáles a 19 anos; e René Gonzáles a 15 anos. “Eles voltarão” dizia Fidel. Em 17 de dezembro de 2014, retornam a Cuba, libertos, os últimos dos cinco prisioneiros. Fidel reuniu-se com os cinco em 28 de fevereiro de 2015.

Não se trata, entretanto, de profecia no sentido místico da palavra. Fidel tem e transmite uma profunda confiança nos propósitos revolucionários pelos quais luta ao lado do Partido Comunista e do Povo Cubano. Além disso, possui uma energia incansável de lutar pelo que é justo, enfrentando mesmo as mais duras adversidades.

“Eu sou um marxista-Leninista e o serei até o fim da minha vida”

Em um discurso na TV, aos 02 de dezembro de 1961 Fidel deu a seguinte declaração: “o marxismo, ou socialismo científico, tornaram-se os movimentos revolucionários da classe operária (…) Eu sou um marxista-leninista e serei até o fim da minha vida”.  Em artigo publicado no dia do 89º aniversário de Fidel Castro, às vésperas da visita do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, a Havana intitulado “A realidade e os sonhos”, Fidel escreveu sobre os EUA: “Devem a Cuba indenizações equivalentes a danos, que chegam a vários milhões de dólares como denunciou nosso país com argumentos e dados irrefutáveis ao longo de suas intervenções nas Nações Unidas”.

Segundo Castro, Cuba não deixará nunca de “lutar pela paz e pelo bem-estar de todos os seres humanos, com independência da cor da pele e do país de origem de cada habitante do planeta”.

“A igualdade de todos os cidadãos em relação à saúde, à educação, ao trabalho, à alimentação, à segurança, à cultura, à ciência, e ao bem-estar, ou seja, aos mesmos direitos que proclamamos quando iniciamos nossa luta (…) É o que desejo a todos “.

 

(*) o título é o mesmo da exposição fotográfica

e audiovisual “Fidel é Fidel”, do diretor cubano

Roberto Chile, que durante anos trabalhou

diretamente com Castro, filmando e

registrando suas diversas atividades.

 

Thiago Santos, Pernambuco

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