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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Ponte Costa e Silva, em Brasília, muda de nome para Honestino Guimarães

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Um dos monumentos de Brasília que homenageavam personagem da ditadura militar, a Ponte Costa e Silva, teve o nome trocado e, a partir de quinta-feira (27), passa a ser Ponte Honestino Guimarães, em homenagem ao líder estudantil da UnB desaparecido durante o regime ditatorial.

A lei com a troca dos nomes foi sancionada nesta quinta-feira pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. A ponte liga a Asa Sul, na região central de Brasília, ao Lago Sul, bairro nobre da capital, e tinha o sobrenome do segundo presidente do regime militar, general Arthur da Costa e Silva.

Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes e militante da Ação Popular (grupo de esquerda) durante a ditadura militar, Honestino foi preso em 1973 no Rio de Janeiro, e desapareceu sem deixar qualquer vestígio, aos 26 anos. No ano passado, o governo o declarou anistiado político pós-morte e determinou a retificação do atestado de óbito, para que conste como causa da morte “atos de violência praticados pelo Estado”.

Sobrinho de Honestino, Mateus Guimarães, 29 anos, disse que a troca dos nomes é fundamental para a memória coletiva da sociedade sobre a importância da luta por democracia, igualdade e justiça social. “A mudança de nome é o primeiro passo de uma série de ações para conscientizar a população para o que de fato representou a ditadura”, afirmou.

Para ele, Honestino foi o símbolo da luta de uma geração. “A luta era contra a ditadura, mas também por justiça social, igualdade, contra descriminações e intolerâncias e pelo fim da miséria. Essa luta está aberta e é necessário ter consciência que é de todos”, acrescentou.

Segundo o professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) Vicente Faleiros, os movimentos para trocar o nome de locais batizados em homenagem à ditadura permite à população ter como referencia uma sociedade que respeita os direitos humanos.

“Sai a referência a um símbolo da opressão para o símbolo da luta pela democracia, pela igualdade, pelo Brasil mais equânime. A ditadura e os nomes a ela vinculados são símbolos de um momento obscuro da sociedade, em que os direitos das pessoas foram violados”, afirmou.

Arthur da Costa e Silva foi presidente da República, entre 1967 e 1969, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional, como candidato único.  Ele assinou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais duro dos decretos editados pelos militares, cujos seus efeitos duraram mais de dez anos e representaram o período mais marcante da ditadura brasileira. O ato suprimiu direitos civis e deu poderes absolutos ao regime militar

Honestino Guimarães

Natural de Itaberaí, em Goiás, aos 17 anos, Honestino foi o primeiro colocado no vestibular  da UnB, em 1965. Por sua atuação no movimento estudantil, passou a ser perseguido pelos órgãos de repressão política. Foi desligado da universidade em 1968 como punição por ter liderado movimento pela expulsão de um falso professor da UnB, informante da ditadura. Naquele ano, casou-se com Isaura Botelho.

Com a edição do AI-5, Honestino passou a viver na clandestinidade, com Isaura, em São Paulo. Em 10 de outubro de 1973, foi preso no Rio de Janeiro por agentes do Centro de Informações da Marinha (Cenimar), quando desapareceu sem deixar vestígios, aos 26 anos.

Agência Brasil

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