De hoje a 27 de setembro, está sendo realizado na cidade de Santo Domingo, República Dominica, 1º Encontro Internacional de Mulheres Latino-Americanas e Caribenhas. O objetivo do Encontro é debater os os principais problemas enfrentados pelas mulheres no continente e a necessidade de uma maior mobilização e luta por seus direitos e por uma nova sociedade. Para compreender mlehor a importância desse importante acontecimento, A Verdade entrevistou Luz Eneida Mejia, presidente do Movimento de Mulheres Trabalhadoras da República Dominicana. Luz mejia é enfermeira, com três décadas de exercício, graduada em Serviço Social atuou no movimento social comunitária e em organização dos trabalhadores e foi deputada no Congresso Nacional.
Leumam Razalaz, Santo Domingo
A Verdade – Em novembro de 2014, as mulheres dominicanas fundaram o Movimento de Mulheres Trabalhadoras da República Dominicana. Quais são os principais objetivos do Movimento?
Luz Eneida Mejia – Reivindicar os direitos e interesses das mulheres trabalhadoras da República Dominicana e contribuir com o esforço de nosso povo para completar o processo de libertação nacional inconcluso, seguindo o exemplo de Juan Pablo Duarte e María Trinidad Sánchez, que conseguiram a separação do Haiti; de Gregorio Luperon, que encabeçou o movimento restaurador, expulsando os espanhóis do território nacional; da Raça Imortal, movimento encabeçado pelos jovens que enfrentaram com armas a tirania de Rafael Leónidas Trujillo. Este movimento se organizou no estrangeiro e chegou ao país em 1959, por Constanza, Maimón e Estero Hondo. Militarmente fracassou, mas foi o início da queda do regime totalitário e o nascimento da esperança da liberdade do povo dominicano.
Finalmente o ditador Trujillo foi justiçado em 30 de maio de 1961. Entretanto, essas forças obscuras e antidemocráticas impedem a inclusão da mulher em condições de igualdade na vida política, social e econômica do país.
O que representa para as mulheres dominicanas a luta das irmãs Mirabal?
É um exemplo, em especial Minerva Mirabal, fundadora do Movimento 14 de Junho, que assumiu o programa dos revolucionários que enfrentaram com armas a tirania encabeçada por Trujillo e que a assassinaram junto com suas irmãs em 25 de novembro de 1960. Minerva representa a rebeldia da mulher dominicana frente ao status quo, sua luta pela liberdade de todo o povo.
Qual é hoje a situação da mulher dominicana, seus principais problemas e lutas?
É a mesma do povo, agravada pela desigualdade de gênero. Nosso país tem um Estado baseado na desigualdade social, péssimos serviços públicos, negação de direitos trabalhistas aos trabalhadores e trabalhadoras, desigualdade de acesso ao emprego por razões de gênero, desigualdades salariais entre homens e mulheres, ademais, uma crescente insegurança civil, muitíssima corrupção e impunidade e una justiça que não castiga os funcionários do governo do Partido da Libertação Dominicana.
As lutas das mulheres são as mesmas que as do povo: aumento salarial, mais emprego, maior investimento em saúde, transparência, mais segurança civil, diminuição da dívida externa, fim da impunidade e dos feminicídios que se converteram numa da maior causa de morte de mulheres no país.
Nestes momentos, nós, mulheres dominicanas, demandamos o direito à educação sexual nas escolas e serviços de saúde reprodutivos, gratuitos e de qualidade, e o direito a abortar em caso de violação, incesto, má formação congênita ou que a vida da mãe corra perigo, este tema está no centro da opinião pública e ao seu redor se agrupam as distintas correntes do movimento de mulheres, assim como as distintas denominações religiosas coincidem na oposição ao exercício deste direito e a que se consigne no marco jurídico do país.
De 24 a 26 de setembro, será realizado, em Santo Domingo, o 1º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Mulheres. Por que este encontro foi convocado e quais são seus objetivos?
Fortalecer a organização e a unidade das mulheres da América Latina e do Caribe para alcançar mudanças na situação atual dos direitos das mulheres e de nossos povos, além de estabelecer coordenações e vínculos entre as mulheres organizadas da América Latina e do Caribe e trocar experiências entre as mulheres sobre sua situação nos países participantes, mediante exposições, discussões e debates, o que permitirá uma declaração conjunta de acordos sobre como se coordenarão as organizações de mulheres de América Latina e do Caribe para alcançar nossas metas.
Que relação existe entre este Encontro e a Conferência Internacional de Mulheres realizada em Caracas, em 2011?
O encontro de Caracas serviu de plataforma que decidiu pela convocatória do 1º Encontro de Mulheres de América Latina e do Caribe, ante a necessidade de coordenar nossas ações para alcançar melhores resultados para a conquista de uma sociedade justa e igualitária para todas e todos, decidiu-se realizar na República Dominicana, em setembro de 2015, e aqui as esperamos de braços abertos.
Que países estão confirmados? A expectativa é reunir quantas mulheres?
México, Haiti, Porto Rico, Colômbia, Bolívia, Uruguai, Brasil, Equador, Venezuela, El Salvador, Martinica, Guatemala, Chile, Argentina e República Dominicana e ainda esperamos confirmação de Curaçao. Serão cerca de 400 mulheres trabalhadoras.