Sarau na Luta: arte e resistência na quebrada!

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O dia 28 de maio ficará marcado na história da cidade de Diadema e região. Nesse dia aconteceu a primeira edição do “Sarau na Luta”, uma atividade organiza pelo Movimento de Luta nos Bairros Vias e Favelas (MLB), em parceria com membros dos movimentos sociais que atuam na cidade, com o objetivo de propiciar uma reflexão do cenário atual que enfrentamos, colocando em pauta o papel de cada um frente ao avanço desenfreado da direita, que dilacera os direitos sociais conquistados pela classe trabalhadora ao longo de muitos anos de luta. Tudo isso através de uma das armas mais eficazes na disseminação das informações, a ARTE, assumindo assim o seu papel cidadão e emancipador em contraponto ao lixo mercadológico de massificação veiculado pela grande mídia do país e que é consumida em grande escala pela periferia.

Os sarais acontecem todo último sábado do mês e têm início às 17h, com um cine-debate. Na primei13266026_1084738394920539_3556187539577983067_nra edição contamos com a apresentação do vídeo documentário “A Viola me Espera”, que trata das atividades culturais que o MST desenvolve nos acampamentos. Segundo Thiago Fernandes, cineasta da periferia, “em tempos sombrios dessa crise de humanidade, é sempre bom reaprender a conviver com as pessoas através da troca. Por meio do cinema acontece a democratização do audiovisual, que possibilita as infinitas formas de expressão”. Na sequência do filme e debate, o microfone fica aberto para que cada um e cada uma faça sua apresentação.

De arrepiar foi a intervenção do coletivo Diadenega, que tratou de repudiar com veemência a cultura do estupro que se perpetua por anos e anos na sociedade brasileira, convocando todas as mulheres e os homens que não compactuam com tais situações a lutarem pelo fim da do machismo e principalmente pelo fim da criminalização das vítimas.

13307228_1084738838253828_9204343220584468734_nTivemos também a performance de Erika Vicentina e Marcela Cabral, que encenaram a realidade sobre as revistas vexatórias das cadeias femininas e a situação da mulher presidiária, e do cantor e compositor Raimundo Fernandes, militante do MLB na cidade desde a primeira ocupação, sempre acompanhado de seu violão, cantando com sua voz que traz a força de quem luta incansavelmente pela justiça social através de seu instrumento de trabalho, a música.

Entre uma poesia e outra, DJ Boby mandava de seu toca discos, sons que vinham de encontro àquela atmosfera de mutualidade e igualdade, através de suas músicas, em uma mistura arte, política e revolução. O grupo de Rap de Mauá, Rimação, composto por duas mulheres, Camila Rimação e Márcia Rimação, apresentou músicas de seu primeiro disco intitulado “Maria da Penha”, que trata da luta das mulheres. Para elas, “o sarau é espaço de luta e resistência. Espaço político que contribui com a formação social de cada pessoa que participa capaz de ser um facilitador de troca de experiências e de conhecimento”, fato que ficou muito claro quando a companheira Zulmira apresentou sua poesia, que denunciava o golpe da burguesia frente à classe trabalhadora, trazendo à tona as manobras e articulações da direita. Por fim, a apresentação de Onga Rupestre, rapper local, que em sua música enfatiza a importância da arte ser uma ferramenta de transformação social nas periferias.

A arte é poder e deve ser política, uma arma para denunciar e ser mais uma forma de enfrentamento das dificuldades causadas pelas dificuldades geradas pelo sistema capitalista, que possibilita que um país tão rico como o Brasil ainda tenha tanta riqueza acumulada com uma pequena parcela da população, enquanto a grande maioria da população vive sem os direitos básicos assegurados. Nesse sentido sigamos adiante, juntos, pois, juntos seremos sempre mais fortes e que ações como essas possam se procriar cada dia mais. Viva o Sarau na Luta!

Beto Criolo, rapper, assistente social e organizador do Sarau na Luta

Maiores informações em: www.facebook.com/saraunaluta