É grave a situação do acesso da juventude ao ensino superior em nosso país. Anualmente, são inscritos no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) cerca de 6 milhões de pessoas para o preenchimento de apenas 370 mil vagas. Esse exame, criado no período do governo Lula (PT) e que trouxe consigo o discurso de “solucionar” o problema do acesso dos pobres ao ensino superior, nada mais fez do que maquiar de “democrático” esse processo excludente, que deixa de fora das universidades públicas milhões de jovens todos os anos.
Índices de acesso ao ensino superior
O resultado desta falta de prioridade dos governos é que, mesmo o Brasil sendo o país mais rico da América do Sul, quando se trata do acesso da juventude ao ensino superior ficamos pra trás. De fato, apenas 14% dos jovens entre 18 e 24 anos estão na universidade. Desse total, 76% são matrículas em instituições de ensino privado que, em sua maioria, não têm compromisso com a educação, mas apenas com o lucro, garantido pela cobrança de altas mensalidades e taxas.
Na Argentina, 40% dos jovens estão na universidade; na Venezuela são 26%, enquanto 20,6% dos jovens ingressam no ensino superior no Chile e na Bolívia. No caso argentino, a liderança no ranking de acesso deve-se à extinção do vestibular no país, que garantiu o livre acesso ao ensino superior. Esse medida também foi adotada por outros países, como Cuba e Alemanha, por exemplo.
Incentivo à expansão do ensino privado
A verdade é que enquanto o Brasil continuar incentivando a expansão do setor privado na educação por meio de programas como o PROUNI (Programa Universidade para Todos) e o FIES (Financiamento Estudantil) e investindo apenas 5% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação pública essa realidade não será transformada.
Com o governo Temer esse problema se agravará. Sob o comando do corrupto Mendonça Filho (DEM), o Ministério da Educação (MEC) já implementa a cobrança de taxas nos cursos de pós-graduação em universidades públicas e quer fazer o mesmo na graduação.
Queremos entrar e permanecer
Ou seja, os poucos estudantes que conseguirem ingressar na universidade pública terão que pagar para estudar. Além disso, sofrerão com a falta de assistência estudantil, alojamentos, refeitórios e bolsas.
Dessa maneira, é preciso fortalecer a luta por uma educação pública de qualidade e por melhores condições de estudo para a juventude em todos os níveis. Afinal, educação não é mercadoria.
Juliana Alves e Bianca Suzy, estudantes da UFF e militantes da UJR