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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

As dificuldades da mulher-mãe

 

parto-humanizadoQuando uma mulher fica grávida, geralmente é parabenizada, recebe presentes, agrados, mimos, pois está carregando dentro dela o “milagre da vida”. De fato, é um momento muito bonito na vida da mulher. Porém, poucos contam a ela que, no momento em que o bebê sai da barriga e vai para seus braços, começa uma longa batalha.

Se essa mulher estava empregada, na maioria dos casos, gozará de uma licença-maternidade de quatro meses e logo deverá voltar ao trabalho fora de casa. Entretanto, as unidades de educação infantil públicas só aceitam, no geral, crianças a partir dos seis meses de idade, fazendo com que essas mulheres recorram às instituições privadas (que custam muito caro) ou a cuidadores, que quase sempre são familiares mulheres (avós, tias, etc.).

Se não trabalhava fora e agora precisa de um emprego, vai se deparar com um mercado de trabalho cruel: 62% das empresas no Brasil rejeitam mães (Grupo Regus, 2011) simplesmente porque essas mulheres vão priorizar a vida dos seus filhos ao invés do lucro do patrão.

Caso a mulher não queira ou não consiga voltar ao trabalho formal, também terá dificuldades para estudar, pois a maioria das instituições de ensino não possui creches que atendam às estudantes, os valores de bolsa-auxílio são quase o valor de uma creche privada e a estrutura para cuidar de uma criança muito pequena nunca é a adequada.

É uma contradição nos parabenizar pela vida que geramos e nos dedicarmos a construir um futuro melhor se o próprio Estado é o primeiro a nos negar condições de desenvolvimento. Dedicamos, em média, 21 horas semanais aos afazeres domésticos, mesmo trabalhando fora de casa (os homens dedicam 10 horas, em média). Somos as principais responsáveis pela educação das crianças e pelo cuidado com os idosos. Em 10 anos (2004-2014), o número de mulheres chefes de família cresceu 67% e temos a alarmante marca de 5,5 milhões de crianças sem registro paterno no Brasil.

Mesmo com todos esses obstáculos, muitas de nós resistimos e nos inserimos nos espaços públicos, por diversas vezes sem apoio. Muitos ainda têm coragem de nos dizer que “quem pariu Matheus que o embale”. Ora, só porque somos mães não temos mais direito a trabalho, cultura e lazer? Nos fazem acreditar que devemos abdicar de tudo em prol dos nossos filhos e que devemos nos sentir culpadas quando precisamos de terceiros para auxiliar com os cuidados. Devemos romper também com essa lógica, pois ela só serve para nos oprimir e nos isolar dentro de nossas casas, como pássaros engaiolados.

Sabemos que a sociedade capitalista se mantém através da exploração de umas classes sociais sobre outras, e que ela tem em seus pilares a exploração e o controle da vida da mulher. Não é por acaso que a burguesia insiste em nos negar e tirar direitos. Ela sabe que somos metade da população e que somos fundamentais para a transformação da sociedade.

Dani Ramos, Rio de Janeiro

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