O ministro da Agricultura Blairo Maggi vestiu a camisa das empresas investigadas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Maggi repetiu os argumentos das empresas e disse que a PF cometeu “erros técnicos” na apuração dos fatos e que as irregularidades encontradas nos frigoríficos autuados são permitidas pela lei. “Eu acho que essa é uma questão muito mais da narrativa que foi adotada para tratar do assunto. Essa questão do papelão está claro no áudio que estão se falando de embalagens e não falando de misturar papelão na carne. Senão é uma idiotice, uma insanidade, para dizer a verdade”, declarou o ministro. Entre as irregularidades encontradas pela polícia estavam o uso de ácido considerado cancerígeno na mistura de alimentos, de papelão em lotes de frango e o de carne de cabeça de porco.
Governo pressiona Polícia Federal
Em reunião convocada pelo presidente Michel Temer para discutir as consequências da operação, o governo decidiu questionar o diretor-geral da Polícia Federal sobre a condução do inquérito. “Nós respeitamos as investigações. Questionamos hoje o diretor da Polícia Federal sobre por qual motivo o ministério (da Agricultura) não estava nas investigações. O comandante disse que não comunicou porque era sobre as pessoas do ministério”, disse Maggi.
Quem é Blairo Maggi?
Não causa estranheza a reação indignada do ministro Blairo Maggi à Operação Carne Fraca. Antes de ser ministro, o senador pelo Partido Progressista (PP) era conhecido como o “rei da soja” em Mato Grosso e recebeu de ambientalistas o prêmio “Motosserra de Ouro”.
Segundo o Greenpeace, Maggi é responsável por, pelo menos, metade da devastação ambiental brasileira entre os anos de 2003 e 2004. Atualmente, é investigado pela Justiça por lavagem de dinheiro, dano ao erário público e improbidade administrativa.
Logo, o que Maggi faz ao sair em defesa das empresas frigoríficas que fraudaram a carne servida à população, entre elas as donas das marcas Sadia, Seara, Friboi e Perdigão, é defender os seus pares e cumprir o papel para o qual foi nomeado ministro da Agricultura, ou seja, garantir que o todo-poderoso agronegócio não seja incomodado em seus negócios e continue obtendo lucros fabulosos, mesmo que para isso seja preciso colocar na mesa dos brasileiros comida estragada e lesiva à saúde da população.
Heron Barroso, Rio de Janeiro