A resistência contra o revisionismo na União Soviética

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Monumento Stalin Tbilisi

No dia 25 de fevereiro de 1956, Nikita Kruschov leu seu “informe secreto” numa sessão do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), no qual “denunciou os crimes de Stálin”. Esta clara propaganda contrarrevolucionária foi repetida incansavelmente pelo imperialismo, pelo oportunismo e por alguns quadros revolucionários honestos, que, desorganizados, foram confundidos pelo inimigo de classe. É sempre preciso ter em conta que a luta de classes não se extingue com a tomada do poder pelo proletariado.

Mas nem todos se calaram diante dessas calúnias contra Stálin. Entre as muitas respostas a Kruschov, ocorreram os protestos de Tbilisi, em março de 1956, quando os quadros revolucionários, junto à classe operária e às massas, rebelaram-se contra a traição da cúpula soviética. Estes fatos são relativamente pouco conhecidos porque os oportunistas censuraram sua divulgação.

Mais concretamente, no ano 1956, em Tbilisi, capital da Geórgia soviética, o povo esperava o dia 5 de março para celebrar a memória do camarada Stálin (georgiano, agitador revolucionário, teórico marxista, dirigente do núcleo central do Outubro Vermelho, consolidador do Partido Leninista, promotor da industrialização, chefe militar na Grande Guerra Pátria no combate ao nazismo). No entanto, seguindo as resoluções do XX Congresso, em que foi condenado o “culto à personalidade”, os quadros partidários não organizaram as atividades que o povo esperava. Diante disso, as massas de operários, estudantes e artistas da república soviética georgiana não ficaram passivas e saíram às ruas, formando muitos grupos por Stálin e contra os revisionistas. No dia posterior, 6 de março, os protestos cresceram. O secretário-geral do Partido Comunista da Geórgia, Vasil Mzhavanadze, viu-se forçado a comunicar aos jornalistas e aos quadros do partido as razões da ausência das comemorações.

No dia 7, os estudantes da Universidade Stálin e das 19 escolas politécnicas de Tbilisi comandaram a defesa do líder bolchevique. Os jovens ocuparam a Avenida Shota Rustaveli – principal da cidade – e se dirigiram à Praça Lênin, onde se encontrava o soviete local.  Chegando ao destino, os estudantes, junto a milhares de operários soviéticos, cantaram e leram poemas em memória de Stálin.

Embora o dia da morte do grande herói soviético fosse naturalmente ficando progressivamente para trás no tempo, a defesa popular de Stálin se radicalizava nos aspectos quantitativos e qualitativos. No dia 8, a população não só tomou alguns pontos centrais de Tbilisi, mas foi além, cortando a circulação em toda a cidade. Com grande decisão, o povo exigiu a colocação novamente do retrato de Stálin e das bandeiras a meio mastro. O governo local teve que ceder às exigências do povo. O correspondente do jornal Trud (Trabalho), Statnikov, relatou – em informe confidencial ao Comitê Central do PCUS – a atmosfera dos protestos, citando as seguintes palavras de um jovem estudante: “Aqueles que decidiram desafiar Stálin e sua memória devem saber que o povo georgiano nunca os perdoará. Nós não vamos permitir nenhuma crítica ao nosso líder! Qualquer revisão de Stálin é uma revisão do marxismo. Aqueles que fizerem, pagarão com sua vida”.

No final do dia, os quadros comunistas conscientes conseguiram tomar os jornais Kommunist (O Comunista) e Zarya Vostoka (O Amanhecer do Leste) para que, no começo do dia seguinte (o dia 9), eles fossem publicados com, primeiro, uma linha editorial consequentemente revolucionária e, segundo, uma convocatória para não só rejeitar as resoluções do XX Congresso, senão também para lutar pela demissão da cúpula oportunista.

Desde as 13h, o proletariado soviético se manteve na Praça Lênin, na Avenida Rustaveli e no monumento a Stálin, situado num parque na beira do rio Kura. Às 23h, decidiu-se tomar a estação de rádio e o telégrafo. Alguns revolucionários entraram na rádio, onde foram detidos pela polícia, fato que acendeu uma briga de proporções nunca antes vistas na União Soviética. Os policiais atacados responderam com armas de fogo; as forças do Exército apoiaram com tanques, conseguindo dispersar os que ocupavam a Praça Lênin e a Rustaveli. Mas o enfrentamento continuou nas proximidades ao monumento a Stálin. Na madrugada, chegaram a Tbilisi operários de Gori – cidade natal de Stálin, distante menos de 10 km – em apoio aos camaradas da capital. O saldo dos enfrentamentos foi de mais de cem mortos, assim como centenas de pessoas feridas pelas forças do Estado proletário, então usurpado pela cúpula oportunista.

A defesa de Stálin após o XX Congresso não foi reduzida a Tbilisi. Também foram intensas as movimentações em outras cidades da Geórgia soviética, como Batumi, Kutaisi e, evidentemente Gori; assim como em grandes cidades do país – Moscou, Leningrado (São Petersburgo) e Stalingrado (Volgogrado). Destas últimas, é ainda mais difícil encontrar informações fidedignas, mas evidentemente tiveram lugar. A decisão dos comunistas de Tbilisi de enfrentar as forças que respondiam à ordem estava respaldada pelo convencimento do apoio ao Estado soviético.

No informe do jornalista Statnikov, nos discursos pronunciados na Praça Lênin tiveram espaço representantes vindos de Moscou. Ele citou também o seguinte pronunciamento: “[…] em representação dos estudantes moscovitas, estou trazendo nossos parabéns […], nós estamos com muita raiva frente ao informe do CC do PCUS contra nosso líder. Eles escreveram isso com o fim de quebrar a amizade entre nossos povos e dar marcha à ré na história. Ninguém vai caluniar as contribuições do nosso grande líder Stálin, o líder do proletariado mundial. Têm que ser inimigos do povo para se atreverem a revisar o marxismo”.

Estas manifestações são uma contundente demonstração da falsidade do “culto à personalidade”. Em geral, além da defesa comprometida após o XX Congresso, o que realmente se viu não foi um “culto à personalidade”, senão manifestações populares de enorme carinho e reconhecimento a Stálin. Estes fatos demonstram também uma homenagem à própria classe operária e ao povo em geral, porque o líder bolchevique é – tempo presente, porque ainda é e será – sua própria representação política.

Como não homenagear com fervor o principal dirigente de uma experiência que, nas condições mais difíceis, obteve conquistas econômicas, sociais, militares e culturais sem semelhantes na história da humanidade?! São fatos objetivos que demonstram a superioridade do socialismo sobre o capitalismo.

Agustín Casanova, de Moscou para A Verdade