Donald Trump, após diversas declarações polêmicas, mostrou que suas ações não se limitarão apenas ao terreno da oratória. No último dia 08 de abril, o mesmo determinou o deslocamento do porta-aviões USS Carl Vinson e de outros navios da Marinha para águas próximas ao território da Coreia do Norte, na semana em que se comemora o nascimento de Kim Il-sung, ex líder norte coreano que combateu a ocupação japonesa e estudunidense, considerado herói no país.
Tal medida está dentro de um novo plano geopolítico que combina chantagem nuclear, campanha midiática de contrainformação e desrespeito à resoluções de organismos internacionais, como a ONU. Trump já havia ordenado um ataque com 59 mísseis tomahawk de dois destroyers da marinha estadunidense instalados no mar Mediterrâneo contra uma base aérea síria próxima a Homs. A justificativa, mais uma vez, foi uma suposta utilização de armas químicas contra a população local pelo regime sírio.
O cenário na península coreana, há mais de 60 anos, é de um armistício assinado em 1953, porém sem jamais ter sido seguido de um tratado de paz, devido à condição imposta por Washington de que o regime norte coreano deixe de existir, isto é, que a Coreia seja reunificada sem levar em consideração a opinião dos norte coreanos. O próprio general Douglas MacArthur, comandante em chefe das forças estadunidenses durante a Guerra da Coreia, solicitou, inúmeras vezes, ao presidente Harry Truman, o uso de bombas atômicas contra o Norte, tendo seu pedido negado pelo temor de retaliação nuclear da URSS, que já dispunha de arsenal atômico desde 1949.
Dada a chantagem dos EUA, sua presença maciça na região, na qual mantêm dezenas de bases militares nas ilhas de Okinawa, no Japão, e na própria Coreia do Sul, o governo da Coreia Popular decidiu investir em defesa, e o faz com o único propósito de reagir e proteger sua população contra mais um ataque desumano promovido historicamente pelo imperialismo. As forças armadas dos EUA já invadiram tantos países, apoiaram e promoveram golpes, que não é de se espantar que um não aliado se defenda com os recursos de que dispõe. Por isso mesmo, na manhã do dia 15/04, foi apresentado um novo dispositivo intercontinental nuclear, de tecnologia nacional.
Um exemplo de invasão imperialista é o Iraque. O outrora aliado Saddam Husseim, quando não mais seguiu às riscas todos os ditames do império, teve seu país bombardeado, e, 10 anos depois, invadido, sob o pretexto de dispor de armas químicas em depósitos militares iraquianos, armas jamais encontradas. O real objetivo da campanha contra o Iraque era controlar a terceira maior reserva de petróleo do mundo, justificar os aumentos bilionários em tecnologia bélica e impor, pela força, a hegemonia do imperialismo estadunidense.
A hipocrisia é marca constante da Casa Branca. A mesma apóia, desde o século XIX, uma monarquia que controla a Arábia Saudita há séculos, a família Saud. O país é o maior produtor de petróleo do mundo, contudo também ostenta a primeira posição em desigualdade social. O estado não é laico, e arcaicas tradições religiosas permanecem, como o apedrejamento de mulheres consideradas adúlteras e a mutilação de pessoas acusadas de roubo. Entretanto, se for um governo aliado do império, nenhuma atrocidade será publicizada, nem mesmo a existência de um poder absolutista em pleno século XXI!
O povo norte coreano construiu sua vida, seu patrimônio e sua dignidade sem jamais ter se subjugado a nenhuma força estrangeira, desde mongóis e chineses no passado, até japoneses e estadunidenses recentemente, e continuará assim, pois preferem morrer defendendo sua liberdade do que viver como escravos! Não às ameaças nucleares contra a Coreia Popular! Todo apoio ao povo norte coreano! Pela unificação da Coreia em um único país sem a intervenção de nenhuma potência estrangeira!
Matheus Nascimento, Belém