A Prefeitura de São Paulo em parceria com as grandes empresas lançou, no dia 08 de outubro, um programa que pretende distribuir uma “ração humana”. A proposta foi alvo de críticas por várias entidades especializadas em nutrição por se tratar de um retrocesso no combate à fome.
O prefeito João Dória, responsável pela redução do passe-livre estudantil, pela privatização das áreas públicas, de cortes no programa de distribuição de leite às famílias pobres, pelo fim das farmácias populares e creches, firmou mais uma aliança com os grandes empresários. Desta vez, trata-se de uma medida batizada ironicamente de “Alimento para Todos”, que pretende fornecer aos mais pobres uma “ração humana”, feita dos restos de comida descartados pela indústria alimentícia e o comércio.
A “ração”, nomeada de Alimento e desenvolvida pela empresa Plataforma Sinergia, foi criticada pelo Conselho Regional de Nutrição, por se tratar de um retrocesso, e é resultante do processamento de alimentos que, nas palavras do prefeito, “ainda estão em boas condições”, e seria entregue aos moradores de rua e pessoas carentes por meio de entidades colaboradoras do programa.
Ora, desde quando os restos, vencidos ou não, descartados pelos mercadões, comércio e indústria estão em boas condições? Quem irá controlar e fiscalizar este processamento e por que estas empresas desperdiçam os alimentos? Será que João Dória experimentaria comer restos e procuraria comida nos lixões, ou apenas quer mais dinheiro para financiar sua campanha à presidente?
As empresas que se comprometerem a entregar os restos de comida serão beneficiadas fundamentalmente com a isenção de impostos e alívio nos custos com incineração, além de outros benefícios da Prefeitura. João Dória sairá mais uma vez de bolso cheio, pois a privatização da cidade e os convênios têm sido o grande negócio do prefeito que é rejeitado pela maioria da população paulista.
Após a repercussão da medida e a pressão dos movimentos sociais, João Dória fingiu recuar e propôs distribuir a “ração” nas escolas municipais. O prefeito dos ricos, que disse num programa de TV direcionado aos empresários que “pobre não tem hábito alimentar”, além de querer entregar comida estragada para os estudantes, tem controlado o número de merenda distribuída por criança, carimbando a mão do aluno e da aluna que receba a merenda. Como se a falta de merenda nas escolas fosse problema dos estudantes e não do rombo provocado pela máfia encabeçada pelos governos do PSDB no Estado de São Paulo.
Esta medida não significa outra coisa senão mais privilégios para os ricos e segregação social contra os pobres. Milhões de famílias, que estão sujeitas às doenças e à humilhação, disputam nos lixões da cidade as sobras de comida, vivem pedindo nas ruas, faróis e transporte público para poder alimentar seus filhos. Nosso povo não quer restos, até porque muitos já vivem destes restos. O que o povo quer é uma sociedade justa e livre da exploração capitalista. Apenas o socialismo foi capaz de combater efetivamente a fome e trazer bem-estar aos trabalhadores e trabalhadoras. Os povos que viveram num regime político, econômico e social, o poder popular e socialismo, controlado popularmente pela maioria, sem a minoria exploradora, provaram que somente a superação do sistema atual poderá pôr fim à destruição da vida.
Matheus Nunes, São Paulo