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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

8º Congresso do EMEP (Partido do Trabalho da Turquia): Unificar a luta contra o regime autocrático

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Selma Gürkan, presidenta do EMEP

O Partido do Trabalho da Turquia (EMEP) realizou seu 8o congresso com o lema: “Unificar a luta por paz e democracia contra o regime autocrático e unipartidário”.

Durante o congresso, foi levantado um chamado pela unidade na luta contra o regime autocrático e unipartidário que o governo do AKP/ Erdoğan está tentando estabelecer. Selma Gürkan, presidente do EMEP, afirmou que a luta dos trabalhadores e das forças democráticas contra o Estado de Emergência (OHAL) precisa ser unificada e impulsionada. O congresso também celebrou o 100o aniversário da revolução de outubro e a atualidade do socialismo.

A juventude do EMEP, em marcha para o local do congresso, adentrou no hall do evento cantando palavras de ordem por “trabalho, pão e liberdade”, que “o ditador será derrotado e a classe trabalhadora vencerá”, e dando “viva à solidariedade entre as nações” em idioma Curdo.

Muitos partidos políticos e representantes de sindicatos, intelectuais, autores, acadêmicos e militantes tomaram parte no congresso. Os co-presidentes do partido oposicionista no parlamento, HDP, Selahattin Demirtaş e Figen Yüksekdağ, enviaram mensagem desde a prisão. Também foi lida a mensagem da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas.

OS PALÁCIOS PLANEJAM POLÍTICAS DE FOME E POBREZA

O discurso de abertura do congresso ficou ao cargo de Selma Gürkan, presidente do EMEP. Ela iniciou saudando os congressistas com a determinação de lutar contra as trevas do regime do AKP e com a alegria de comemorar os 100 anos da revolução de outubro. Selma afirmou que o período atual está marcado por grandes imprevisões e crescente racismo, fome, e pobreza conta a classe trabalhadora e os povos como manifestações das políticas da Casa Branca, do Kremlin, e de Erdoğan; ela tabém relembrou que nos três últimos anos fomos testemunhas de muitas lutas entre os poderes imperialistas, especialmente no Oriente Médio. Ela disse que as negociações pós derrota do Estado Islâmico (ISIS) na região são permeadas de acordos sujos que mancham a terra com sangue e que são os governos imperialistas os responsáveis pela guerra e as mortes; “Estes países são responsáveis pelos milhões de refugiados. Os intentos de dominação regional de Erdoğan também são responsáveis. Estes intentos se tornarão o objetivo desta política sangrenta de pilhagem, em nome da derrubada de Assad, visando aumentar sua força na região e impedindo os avanços do povo Curdo”. Responsabilizando o governo pelas mortes que ocorreram no território turco, Selma afirmou “são eles os responsáveis pelas centenas de vidas perdidas no massacre de Ankara”. Relembrando o papel cumprindo pelo AKP durante o massacre, Selma afirmou que documentos desenterrados durante as investigações de outubro expuseram como o governo pavimentou o caminho para os massacres.

Afirmando que a política regional do AKP está de mãos dadas com a política dos países imperialistas, ela continou dizendo que as afirmações antiimperialistas de Erdoğan não passam de retórica vazia, que o AKP não pode ser antiimperialista apenas lançando frases anti-EUA pois o antiimperialismo exige medidas concretas como a retirada da Turquia dos acordos a imperialistas regionais e a saída imediata de organizações internaicionais criminosas como a OTAN. Selma reiterou que o atual governo não tem essas intenções e continou “antiimperialismo significa resistir às políticas dos países imperialistas e defender a paz e a solidariedade entre os povos da região”.

SOLUÇÃO DEMOCRÁTICA PARA A QUESTÃO CURDA NA BASE DA ISONOMIA DE DIREITOS.

Relembrando a guerra e as mortes nas cidades curdas; o corpo de Taybet Ana, que permaneceu insepulto na rua por 7 dias; o corpo de Cemile, guardado por dias sem sepultura, Selma afirmou: “nossos narizes ainda sente o cheiro da fumaça desses porões”. Selma afirmou que o AKP não abre mão dos abundantes recursos vindos das regiões curdas, mas desrespeita o direito democrático de eleição para as cidades da região; e ainda que a resolução da questão curda na base da isonomia de direitos é vital para a luta por democracia em frente ao belicismo e às políticas antidemocráticas do atual governo.

O ORÇAMENTO DE GUERRA

Selma continuou afirmando que o atual orçamento apresentado pelo governo é claramente um orçamento de guerra; As verbas privativas ao presidente aumentaram sem limites e a indústria de defesa leva uma significante parcela do orçamento. Lembrando a afirmação de Erdoğan que afirmou que os países muçulmanos estavam fazendo os negociantes de armas ocidentais ricos, ela perguntou: “Quem assinou o acordo de compra dos mísseis S-400?”. Ela chamou a atenção para o fato de que muitos trabalhadores então em débito e os suicídios causados pelo desemprego estão crescendo. Falando sobre o crescente consumo de antidepressivos – de acordo com estudos recentes – Selma afirmou que “o governo do AKP leva o povo ao suicídio com suas políticas de desemprego, pobreza e cortes na saúde”.

AS MULHERES E A JUVENTUDE NÃO SE RENDEM

“Eles querem mudar o tecido social para construir o sistema reacionário de um só partido”. Um dos componentes desta política tem como alvo as mulheres. As mulheres sente as consequências das políticas do AKP em todas as esferas da vida. Referindo-se aos debates sobre o aborto, afirmou que forçar o parto é um grande risco para a saúde das mulheres; entre duas e três mulheres morrem diariamente vítimas desta política. A autoridade dada aos muftis (acadêmico islâmico a quem é reconhecida a capacidade de interpretar a lei islâmica) sobre os casamentos e os divórcios constituem a base de uma estrutura social reacionária. No entanto, o acúmulo de lutas das mulheres indica que estas não vão se render. Selma afirmou que o governo do AKP tenta estabelecer uma falsa polarização na sociedade, ela afirmou: “em nossa sociedade, o CHP (partido social-democrata) tenta se apresentar como esquerda. A juventude precisa estar vigilante. A juventude unificará sua luta contra os atuais problemas e a incerteza de futuro, respondendo aos ataques do governo”.

ÊNFASE NA LUTA UNIFICADA CONTRA O ESTADO DE EMERGÊNCIA

Selma Gürkan chamou a atenção para a campanha conta o Estado de Emergência (OHAL, em turco), iniciado por sindicatos e associações profissionais, ela disse: “Precisamos fortalecer estas campanhas, unificando em torno da luta comum”. Referindo-se às atuais lutas que enfrentam o fascismo, Selma mencionou a recusa dos trabalhadores vidreiros e metalúrgicos de reconhecer a ilegalidade das greves; As mobilizações convocadas por Havva Ana contra os megaprojetos e a destruição da natureza; e a luta do povo curdo, exigindo paz em frente a violência e a opressão. Também valorizou a luta levantada pelo ativista Alevis, exigindo liberdade de fé e o direito ao secularismo.

FIZEMOS E FAREMOS NOVAMENTE

Relembrando a audiência que o povo disse NÃO ao fascismo e à ditadura de um só partido no referendo constitucional de 16 de abril, Selma continuou dizendo “o único caminho para vencer contra as medidas reacionárias, violentas e repressivas do AKP é unificando a luta por democracia e pelas demandas comuns”. Falando sobre o importante papel dos partidos e da sociedade ela afirmou “nós não podemos nos dar o luxo de agir de uma maneira sectária, apenas no interesse de nosso próprios partidos. Nós vencemos em Tekel, na luta metalúrgica, em Şişecam e nas mobilizações de 7 de junho contra as políticas repressivas do governo, com a unidade dos trabalhadores e das forças da democracia e da paz. Nós podemos vencer novamente”.

100o ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

A Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML) celebrou o 100o aniversário da revolução de outubro durante o 8o congresso do EMEP através da seguinte mensagem: “100 anos atrás, com a revolução de outubro de 1917, a classe trabalhadora chegou a poder e organizou o Estado como classe dominante, pela primeira vez desde a Comuna de Paris”. A mensagem destacou que a “Revolução de Outubro é atual” e que esse conceito deriva da própria análise da história que determina a natureza dos irreconciliáveis conflitos do mundo capitalista atual. A mensagem também mencionou que os partidos e organizações que constituem a CIPOML estão cientes que não podem dar cabo de suas responsabilidades sem ligar-se de maneira profunda com a classe trabalhadora, assumindo a liderança ativa do desenvolvimento de suas lutas; também, conectando as próprias experiências de luta dos trabalhadores de um país com a acumulação histórica da luta de classes internacional. Afirmou-se que o momento em que o mundo caminha para lutas mais agudas faz crescer a importância das atividades em nível internacional: “Somos realistas e observamos que a classe trabalhadora, seus partidos e forças revolucionárias estão em frente a uma grade crise; são dificuldades que precisam ser superadas com habilidade, capacidade e senso de oportunidade pois condições ainda mais difíceis estão por vir. No entanto, os comunistas são dotados com um senso de responsabilidade e consciência histórica que os distingue. Derrotas temporárias, dificuldades e insuficiências não podem nos intimidar”.

Traduzido de: www.evrensel.net/daily/

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