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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Ato público reúne milhares contra a censura

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Nos últimos meses vimos reaparecer um velho fantasma conhecido dos períodos de crise profunda do capitalismo: a censura às artes e à liberdade de expressão e de manifestação.

Manifestações da intolerância e preconceito de pequenos grupos reacionários ocorreram em exposições de artes e manifestações culturais em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Até mesmo a realização de um show de solidariedade às famílias da ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo, Região Metropolitana de São Paulo, impediu que um grupo de artistas levasse sua música à periferia, entre eles, Caetano Veloso.

Em Belo Horizonte, uma exposição de quatro artistas plásticos no Palácio das Artes, o maior espaço cultural da cidade, foi alvo de censura. Em particular a exposição “Faça você mesmo a sua Capela Sistina”, do artista plástico Pedro Moraleida, cuja temática de irreverência, de forte crítica social e de transgressão, expõe de forma visceral assuntos polêmicos, como religião e sexo.

Isso levou a ataques de oportunistas e conservadores, sobretudo de parlamentares (vereadores e deputados) da chamada bancada evangélica, tendo à frente o deputado João Leite (PSDB), que proferiu ataques raivosos da tribuna da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, acusando a exposição de incentivar a pedofilia e pedindo o seu fechamento por atentar contra os bons costumes. A partir daí, iniciou-se uma verdadeira cruzada, com grupos religiosos intolerantes promovendo orações na entrada principal do palácio das Artes, com cruz, imagens de santos e água benta para exorcizar a exposição. Entretanto, esses ataques produziram uma reviravolta, pois ao contrário do queriam, a quantidade de pessoas que foram visitar a exposição, aumentou chegando 41.517 visitas.

Diante dessa onda, cresceu também o sentimento de defesa da liberdade de expressão, da democracia e fez nascer inúmeras iniciativas contra a intolerância, o preconceito e a censura, entra elas,  criar uma frente de luta contra a censura.

Resultado de diversos atos públicos, de articulações, debates e reuniões, surgiu a Frente Nacional Contra a Censura (FNCC), que teve seu lançamento nacional oficial no último dia 21 de novembro no grande Teatro do Palácio das Artes. O Ato de lançamento contou com o apoio de artistas e personalidades de renome nacional, entre eles Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Débora Fallabella, Otto, Tássia Camargo, Jean Willis, Pedro Paulo Cava, João das Neves, Titane, Renegado, Juca Ferreira, entre muitos outros. Estiveram presentes um público de 1.400 pessoas.

O Ato mostrou a vitalidade das forças populares e progressistas de que é necessário resistir e não recuar diante do golpe e dos ataques do atual governo contra os trabalhadores. Que esses ataques às artes não são desconectados dos ataques aos demais direitos e da retirada de conquistas históricas dos pobres. As artes, assim como as lutas sociais e políticas não são neutras, têm uma inspiração ideológica baseada nos princípios da dignidade humana, de valores que contrariam os interesses das classes dominantes, que denunciam o capitalismo como um sistema que é contrário à vida e à liberdade.

Fernando Alves, Belo Horizonte

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