O déficit habitacional no Brasil atinge mais de seis milhões de pessoas. Somente no Ceará, chega a mais de 283 mil domicílios. Na Capital, Fortaleza, a carência é de pelo menos 120 mil moradias. Isso ocorre há anos, pois o que predomina em nossas cidades são os interesses das grandes empreiteiras e da especulação imobiliária.
Como se não bastasse a falta de moradia digna, a população cearense ainda sofre com as constantes brigas entre facções criminosas e com a polícia, o que aumenta a violência e o genocídio da juventude preta e pobre nos bairros da periferia. A falta de saneamento básico, de emprego, de creches e escolas de tempo integral, posto de saúde e médicos suficientes são alguns dos problemas que assolam o estado.
Diante dessa realidade, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) realizou, durante todo o dia 02 de setembro, o I CURSO ESTADUAL DE FORMAÇÃO POLÍTICA DO MLB. Esta importante atividade contou com a presença de vários militantes do movimento das cidades de Fortaleza, Maracanaú e Juazeiro do Norte.
O encontro teve início com a exibição do documentário sobre Ilha das Flores. Depois foi realizada a palestra “A luta pela Reforma Urbana e pelo Socialismo”, com Serley Leal, dirigente da Unidade Popular (UP). No período da tarde, houve a exibição do documentário sobre a Ocupação Manoel Lisboa – Fortaleza – 2016, em seguida, tivemos a apresentação “Como organizar o MLB – Núcleos – Ocupações”.
Para Carla Cruz, do Cariri, “a situação da cidade de Juazeiro do Norte é muito triste. Neste período eleitoral, tem candidato prometendo até casa ao povo, mesmo a gente sabendo que isso é promessa falsa, que só a luta do povo organizado conquista a casa própria”.
“Precisamos organizar o povo não só pela casa. Eu, que sou mãe de dois filhos pequenos, preciso de escola integral no bairro do Sítio São João para poder trabalhar e também ter mais tempo para militar no movimento, temos que fazer essa luta, que não é só uma demanda minha, mais várias mães do bairro”, afirmou Diane Nascimento militante do MLB.
Foi realizada também uma dinâmica com o tema “Que cidade queremos?”. Foram elaboradas coletivamente propostas para avançar na luta dos bairros no Ceará, como a criação de novos núcleos do movimento, a luta por mais creches e escola integral em conjunto com o movimento de mulheres Olga Benario, a realização de atividade culturais nos bairros, como também a construção de atos e palestras sobre o Dia da Consciência Negra e a Dia Internacional pelo Fim da Violência contra as Mulheres, além e realizar novas ocupações urbanas no estado.
Com certeza, muitas lutas virão depois desse curso de formação política.
Claudiane Lopes