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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Setembro Amarelo: precisamos falar dos sofrimentos

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Num dia, família e amigos reunidos, conversas, sorrisos e brincadeiras. No outro, a notícia e o luto. Um vazio toma conta e a não compreensão se mistura ao sentimento de culpa. “Por que você fez isso?”, perguntam. “O que eu fiz de errado?”, tentam entender os que ficaram.

Não existe uma razão única para o suicídio, mas a depressão é um dos principais fatores de risco. E, em quase todos casos, o que busca-se é encerrar o intenso sofrimento emocional e psíquico vivido.

Tirar a própria vida choca. A ética cristã da sociedade ocidental condena os suicidas. Destinados ao inferno, são reduzidos em sua condição humana. Criam-se tabus, além do mito de que “falar sobre suicídio influencia outras pessoas a tirarem a própria vida”.

Não. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), falar é uma das principais formas de prevenir. O silenciamento cria e perpetua incertezas, medos, mistificação e não favorece a busca de apoio. Logo, é preciso falar, mas sem julgamentos.

Quarta maior causa de morte entre jovens no Brasil

A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo, de acordo com a OMS. Desde quando você iniciou a leitura deste texto, mais de uma pessoa tirou a própria vida. A OMS também aponta que, no mundo, suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, levantamento do Ministério da Saúde mostra que, entre 2000 e 2016, o suicídio entre jovens dessa faixa etária cresceu 73%, sendo a quarta maior causa de morte entre jovens no país.

Adolescentes, por conta do bullying e das pressões da socialização, universitários, pelas exigências acadêmicas por perfeição, LGBTQIs, por efeito da não aceitação familiar, além de professores, médicos, agentes de segurança, etc.: esses são alguns dos grupos considerados de risco a desenvolver pensamentos suicidas.

Ficar atento às alterações no comportamento de familiares, amigos e colegas de trabalho e estudo é importante. É da condição humana ter dias tristes, mas quando torna-se frequente, é hora de conversar.

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são insuficientes e sobrecarregados, o que dificulta ou impede a busca de acompanhamento profissional. Algumas universidades públicas e particulares oferecem atendimento psicológico a preço popular ou gratuito, o que amplia um pouco a rede de atendimento. Lutar por uma política de saúde mental séria e eficiente é uma das principais urgências brasileiras. Os movimentos sociais precisam, cada vez mais, colocar o assunto em pauta.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio e prevenção do suicídio de forma gratuita e voluntária pelo número 188, e também por chat, e-mail, videoconferência ou cartas. Visite o site para mais informações: www.cvv.org.br.

Caio Brasil, assessor de comunicação e pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), Rio de Janeiro

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