UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

O movimento das mulheres italianas após o 25 de novembro

Leia também

Mais de 150.000 mulheres dos estratos populares foram às ruas de Roma no último sábado de novembro. Centenas de associações de mulheres animaram o evento “Nenhuma a menos!”, que confirmou o crescente protagonismo do gênero oprimido.

Uma manifestação colorida e combativa, marcada pelas palavras de ordem pedindo basta à violência dos homens contra as mulheres, que convocava a uma agitação permanente contra o ataque em curso da Lei 194 e contra o projeto de Lei Pilloni, em discussão no Parlamento, sobre a reforma do direito da família em caso de separações.

Na Itália, como em outros países, as mulheres chegaram ao Dia Internacional Contra a Violência, de 25 de novembro, em condições mais difíceis: mais pobreza, crescente precariedade, cortes salariais, um clima político reacionário.

A violência contra as mulheres tem muitos rostos. Não são apenas estupros, espancamentos e feminicídios. São o desemprego e as diferenças de salários, segregação nos empregos e qualificações mal pagas, trabalho precário, flexível e com cada vez menos proteção, falta de serviços sociais, de assistência, de creches, de cantinas, de estruturas de ajuda para os idosos e grande opressão do trabalho doméstico.

Uma violência diária e legalizada que é o pano de fundo para os casos de crime, que aumentaram com a crise econômica, as políticas de austeridade e a disseminação da pobreza. Uma violência que tem como base a dupla opressão que as mulheres sofrem.

A ruptura do ciclo de violência econômica, social, familiar, psicológica e física contra as mulheres, a recusa de pagar a conta da crise e de carregar em seus ombros o peso do desmantelamento do “Estado de bem-estar”, o fim da discriminação no emprego e a demanda por salários iguais, a defesa dos direitos adquiridos por décadas de batalhas políticas e culturais são as características atuais e reivindicações do movimento das mulheres.

Com as manifestações, no final de novembro, o movimento de mulheres relançou a luta por essas questões, fortalecendo a própria unidade inferior e se preparando para o próximo 8 de Março, que todos os sindicatos devem proclamar.

É claro que essa luta para crescer deve se bater frontalmente contra um governo reacionário e xenófobo, com sua política autoritária, racista, machista, chauvinista e belicista, cria o terreno em que se desenvolve a violência contra as mulheres em todas as suas formas.

Um governo que ataca o direito à maternidade expondo a operária aos abusos dos patrões e visa a cancelar o direito ao aborto; que com a Lei Salvini afeta as mulheres imigrantes e suas lutas; que levanta o mito da família burguesa para acorrentar ainda mais as mulheres; que continua a penalizar as mulheres que trabalham com leis-fraude como o decreto dignidade e “quota 104”, e com a esmola da renda de cidadania; que torna a divisão do proletariado em todas as suas formas (por nacionalidade, sexo, idade, etc.) sua arma preferida.

Nós, comunistas, apoiamos a luta da mulher operária e das camadas populares convencidos de que o problema da emancipação da massa feminina não é um problema local ou nacional, mas um grande problema social que requer a derrubada do sistema que constantemente reproduz a opressão e discriminação econômica das mulheres, práticas patriarcais, violência: o capitalismo.

O sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção e sua necessidade de reprodução de baixo custo da força de trabalho é a causa mais profunda da condição de dupla opressão, discriminação, subalternidade das mulheres e privilégio do homem.

Sem a abolição da propriedade privada dos meios de produção, não pode haver igualdade real entre os sexos, uma libertação política e social das mulheres, o fim da opressão de “ela” por “ele”, assim como da competição entre “ele” e “ela”.

Para nós, comunistas, “ela” e “ele” pertencem à mesma classe proletária e juntos são chamados a lutar contra a burguesia.

Somos pela unidade do proletariado, pela solidariedade de classe e pelo apoio mútuo na luta organizada contra o capital.

A vitória do proletariado é baseada na unidade e na luta da mulher e do homem proletários. A operária, a mulher do estrato popular, desempenha um papel indispensável na luta por uma nova sociedade em que a exploração é abolida, assim como a opressão da mulher.

Sem a rebelião e a organização das mulheres, suas aspirações e suas energias, não será possível derrotar a classe capitalista e construir o novo mundo.

Da mesma forma, o trabalho de formação do partido independente do proletariado não pode ignorar a contribuição das mulheres proletárias mais avançadas e conscientes.

Artigo extraído do jornal Centelha, da Plataforma Comunista – pelo Partido Comunista do Proletariado da Itália, nº 94, edição de dezembro de 2018

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos