Desde o início de março, os deputados, vereadores e jornalistas burgueses vem aplaudindo, escrevendo e manifestando seu apoio ao governador paulista, João Dória. Isso por conta de suas medidas que “incentivam” as montadoras automobilísticas, nomeadas de “IncentivAuto”. Esse incentivo se baseia em isentar progressivamente as empresas em até 25% do ICMS, “Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços”. Em troca, novas montadoras e fábricas se instalaram no estado de São Paulo.
Henrique Meirelles, aliado de Dória na organização do projeto, destacou em coletiva de imprensa no dia 08 de março que o incentivo mínimo só ocorrerá às empresas que investirem acima de R$1 bilhão de reais na construção de novas fábricas e montadoras no estado de São Paulo e, em conjunto, com a contratação de até 400 operários. Para receber o desconto de 25% é necessário o investimento de pelo menos R$10 bilhões. O projeto foi anunciado em 08 de março, de lá pra cá podemos tirar algumas resoluções sobre como desenrola essa questão de novas fábricas e montadoras no estado.
Apesar dos elogios dos principais comentaristas políticos e econômicos ao projeto, as montadoras que estão instaladas em São Paulo voltaram a demitir e a fechar vagas que antes estavam abertas, como aponta a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A Anfavea destaca que, apesar dos incentivos, com a queda das exportações, toda a produção está estagnada. Consequentemente, as novas fábricas que se instalaram em SP, como foi o caso da Honda em Itirapina, não gerou nenhuma vaga de emprego.
A Anfavea também fez um outro levantamento: Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção caiu em 10% e as exportações despencaram em 42% só nos três primeiros meses deste ano. São indícios gravíssimos de uma ampliação ainda maior da crise capitalista em nosso país, particularmente em São Paulo. Fato interessante é o governador acreditar que com esse incentivo o mesmo traria mais competitividade entre as empresas, consequentemente, mais investimentos, produtividade, renda e emprego, sonhando com a mesma cartilha financeira liberal que está fracassada desde o início dessa grande crise em 2008.
O resultado do projeto, até agora, está sendo de demissões em massa e fechamentos de vagas de trabalho nas fábricas e montadoras do estado. A Anfavea já calculou o fechamento de mais de mil vagas e demissões só no último mês. Essa realidade mostra apenas estado atual do capitalismo, o estado da penúria para os trabalhadores. Mil vagas são apenas uma estatística para os jornais burgueses, um número, mas se observarmos a realidade, são mais de mil operários e operárias sem emprego, sem renda e sem condições de continuar vivendo com condições mínimas.
Dória, para esconder esse resultado insignificante, acelerou outro projeto para utilizá-lo como cortina de fumaça para sua arma de propaganda: O projeto do fim das baldeações nos trens da linha 11 da CPTM – que sob sua administração corre o risco de ser privatizada, ameaçando milhares de ferroviários, estagiários e aprendizes de perderem seus empregos. Com a sua típica vaidade, Dória colocou toda sua equipe de marketing para empenhar uma ampla rede de propaganda em torno dessa questão e ignora a factualidade de seu principal projeto econômico ser um fracasso, tanto em administração quanto em realização.
Os trabalhadores não podem se enganar, o projeto não se sustenta, cria um problema atrás da outro, como já mostram os dados da Anfavea e o número de desempregados que só crescem no estado e no país. Por isso, toda a classe deve organizar mais lutas, manifestações e atos em defesa do emprego. Os desempregados são uma força poderosa e tem condições de se organizar coletivamente e debater seus problemas, lutando para resolvê-los sem depender das vontades individuais do governador e seus aliados econômicos e políticos.
Thales Caramante – São Paulo