Secretarias recebem orientações superiores para falar que não há vagas, esvaziando as turmas.
Lucas Nascimento
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas
Foto: Divulgação
SÃO PAULO – O Jornal A Verdade acompanhou, na tarde desta quinta-feira (25/07), os professores da Escola Estadual Chibata Miyakoshi, da região de São Mateus, zona leste, até a Diretoria de Ensino (DE) Leste 4, no Bairro da Vila Matilde.
Os professores, junto ao Sindicato (APEOESP), estavam lá para cobrar explicações da supervisora de ensino Marli pois, na segunda-feira (22/07), dia da atribuição de aulas, foram surpreendidos pelo corte de turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do período noturno. Sobraram apenas 3 das 9 turmas que haviam. Além disso, a escola corre o risco de perder, já nesse mês, uma sala de 1º ano e uma sala de 6º ano.
Apesar da DE afirmar que a orientação é de fazer o cadastro dos(as) estudantes interessados(as) nas vagas, na prática há irregularidades por parte da direção da escola que escolhe os alunos que podem ou não ficar, além de a secretaria receber orientações superiores para falar que não há vagas, esvaziando as turmas.
Essas ações da direção vem no sentido de justificar o fechamento das salas de aula como se não houvesse pessoas interessadas para ocupá-las, apontando uma suposta falta de interesse no período noturno. Em consequência disso mais de 18 professores(as) efetivos(as) foram(as) remanejados para escolas em regiões muito mais distantes do que o Chibata.
Mesmo a DE afirmando não ter orientado o fechamento das turmas, os professores continuarão mobilizados até a reabertura das turmas junto da população do bairro Vila Flavia, em São Mateus.
Nós últimos anos e no início de 2019 foi colocado em prática um projeto de fechamento de salas no ensino regular do período noturno. Este projeto está sendo aplicado desde a última gestão do governador Geraldo Alckmin, sendo dada continuidade pelo seu sucessor, João Dória, ambos do PSDB – partido inimigo da educação e dos professores – como forma de sucatear ainda mais a educação pública e passar a gestão para a iniciativa privada.
Com o atual desemprego que atinge mais de 13 milhões de pessoas (mesmo entre aqueles que possuem ensino superior), dificultar a conclusão do ensino médio para milhões de jovens e adultos diminuirá ainda mais as chances de emprego para quem não possui o ensino fundamental ou médio, além de ser um dos principais fatores usados pelo empregador para pagar menores salários e uma das principais formas de aumentar as desigualdades e tolher a liberdade da população pobre.